No último dia 26, diversas cidades do interior de São Paulo e Minas Gerais se viram cobertas por tempestades de areia enormes. O fenômeno assustou moradores e impressionou pessoas ao redor do país. Todavia, especialistas acreditam que este tipo de fenômeno pode se repetir, especialmente na falta de chuva.
Em entrevista à CNN, a meteorologista Dóris Palma afirma que o fenômeno é bastante comum em regiões áridas e semiáridas ao redor do mundo. Apesar disso, as tempestades de areia são raras no Brasil e precisam de condições bastante especiais para ocorrerem.
De acordo com Palma, a tempestade de areia surgiu a partir do choque de massas de ar quentes e secas. Isso fez com que os ventos passassem dos 100km/h em certas regiões próximas a Ribeirão Preto e o interior de Minas Gerais.
Além disso, as tempestades de areia do tipo dependem de um baixo volume de chuvas para atingirem as proporções vistas no último domingo. Acontece que, Ribeirão Preto, por exemplo, não recebe chuvas significativas desde março deste ano.
Ainda, o período do início da primavera tende a intensificar a instabilidade do clima, sobretudo das chuvas. Isso porque o começo da estação é um período de transição de climas mais frios para aqueles mais quentes.
Além do mais, este também é o período de colheita da cana-de-açúcar, dentre outras culturas. Isso promove ainda mais a exposição do solo, deixando-o mais seco e menos compactado.
Qual a relação das tempestades de areia com a mudança climática?
Segundo especialistas, as tempestades de areia não têm uma relação direta e exclusiva com a mudança climática. Ainda assim, o aquecimento global tende a intensificar o fenômeno, já que a estiagem tem relação com o fenômeno global.
Diversos biomas sofrem diretamente com a falta de chuvas, que acontece por meio de mudanças atmosféricas e oceânicas que envolvem o planeta inteiro. Contudo, certas regiões acabam mais impactadas pelo calor e seca extremos: as porções áridas e semiáridas da Terra.
Nessas regiões, inclusive, como em desertos, as tempestades de areia são bastante comuns, mais uma vez devido à combinação dos ventos e clima seco. No entanto, certa parte da estiagem enfrentada pelo Brasil atualmente acontece pelo aquecimento excessivo da superfície da Terra, além da derrubada de florestas.
Os vegetais, vale lembrar, são grandes reguladores da temperatura e da umidade. Isso porque suas folhas absorvem grande parte da radiação do Sol, reduzindo o efeito estufa.
Além do mais, grandes florestas como a Amazônia possuem “rios flutuantes” em seu interior. Nada de magia por aqui, acontece que as plantas liberam grandes quantidades de água em forma de vapor na atmosfera. Essa água vai para as nuvens e acaba chovendo em lugares distantes. Portanto, a redução da cobertura vegetal (principalmente na Amazônia) é causa direta da estiagem no país, além do resto do mundo.
Apesar disso, a previsão é de que a seca diminua no Brasil a partir do mês de outubro. Neste período do ano, as chuvas devem se tornar regulares o suficiente para manterem o solo compactado e os ventos mais calmos.
Com informações de CNN Brasil.