No dia 23 de novembro de 2020, muitas pessoas no nordeste do Brasil se assustaram com aquele objeto esquisito nos céus. Mas era, na verdade, os rastros do foguete chinês Longa Marcha 5, que lançava a sonda Chang’e 5. A sonda, então, quebrou um regresso e coletou as primeiras amostras da Lua das últimas 4 décadas.
Durante a Corrida Espacial, a principal disputa entre Estados Unidos e União Soviética era levar um ser humano para a Lua. Embora a União Soviética tenha vencido todas as primeiras etapas da corrida espacial (primeiro satélite, primeiro ser vivo no espaço e a primeira pessoa na espaço), os americanos chegaram antes na Lua.
A partir de então, não fazia mais sentido para os soviéticos tentar chegar lá. A viagem é extremamente cara, ainda mais na época, com uma tecnologia extremamente rudimentar. Os próprios americanos abandonaram a Lua. A última vez que alguém trouxe amostras lunares foi a União Soviética em 1976, através da sonda Luna. Os americanos trouxeram pela última vez com a Apollo 17, em 1972.
A nova corrida espacial já iniciou-se. Além das clássicas agências espaciais, como NASA (Agência espacial dos EUA) e ESA (Agência Espacial Europeia) diversas empresas lutam para desenvolver novas tecnologias, e países antes excluídos desse mundo como China e Índia também buscam destaque. A China já enviar astronautas ao espaço, e a Índia está prestes a também fazê-lo. O Brasil, que há pouco tempo estava no mesmo nível que ambos os países, praticamente abandonou seu programa espacial, e hoje estamos num patamar pior do que nos anos 2000.
O que a Chang’e 5 fez?
Mas o destaque aqui é a Chang’e 5. O foco principal da corrida espacial hoje é a Lua, novamente. A partir da Lua, então, as empresas e agências querem se expandir para o restante do sistema solar, como mineração espacial e viagens tripuladas para Marte e além. Assim, a China entra como um país emergente querendo se constituir como um explorador do espaço.
A nave pousou no complexo vulcânico Mons Rümker, localizado em uma região chamada de Oceanus Procellarum. A nave carrega alguns sensores, além dos equipamentos para a coleta, como uma câmera, uma furadeira e uma espécie de colher.
A missão da espaçonave era simples: coletar 2 quilogramas de poeira lunar e trazê-las para a Terra, para estudos laboratoriais. Mas o desafio agora é trazer o material em segurança para a Terra.
Próximos passos
Junto com a nave de coleta, os chineses enviaram um orbitador. O papel do orbitador é intermediar e possibilitar a comunicação entre a Terra e a sonda na superfície lunar. O orbitador também aguarda a sonda, que o encontrará em breve.
O robozinho decolou da superfície lunar na última quinta-feira (3) levando as amostras. Agora, ela prepara-se para aproximar-se do orbitar. No sábado (5), em algum momento eles iniciarão um delicado acoplamento, que levará 3,5 horas. Como no espaço não há resistência do ar, a inércia realmente funciona, e a dinâmica de movimentação é diferente. Portanto, a propulsão precisa de cuidado para não lançar a sonda para longe.
Assim que acoplarem, elas esperaram pela janela de ejeção da órbita da Lua. Essa janela é simplesmente o momento correto para se ejetar da órbita lunar. Quando o momento chegar, a nave ligará o seu motor e viajará de volta para a órbita da Terra.
Mas como disse, no espaço as dinâmicas de movimentação mudam. Então, a nave sairá da órbita lunar e virá cuidadosamente para a órbita da Terra. No entanto, ela precisa de uma velocidade e de um ângulo muito bem calculados. Dessa forma, entrará na atmosfera e cairá no local determinado – Siziwang Banner, Mongólia Interior, uma região chinesa. O caminho de volta leva, no total, 112 horas.