O rover Curiosity, da NASA, detectou recentemente possíveis resíduos orgânicos na superfície de Marte. Com auxílio de equipamentos da sonda, pesquisadores puderam identificar moléculas que podem ser sais orgânicos. Todavia, análises mais profundas e uso de outros equipamentos do rover ainda são necessários.
O veículo não-tripulado Curiosity, que está fazendo uma road-trip pela superfície do planeta vermelho tem dois equipamentos de análise principais. O SAM (Sample Analysis at Mars) usa um pequeno compartimento, parecido com um forno para queimar amostras a até 1.000 °C. A partir dessa queima, o equipamento analisa os gases liberados e as temperaturas necessárias para tanto. Esse método, então, fornece evidências sobre a presença de certas moléculas.
Já o CheMin (Chemistry and Mineralogy Instrument) usa raios-X para identificar a quantidade de certos átomos, como o carbono, em uma amostra. O equipamento faz isso, assim, pela avaliação do ângulo de difração dos raios.
Acontece que de acordo com a pesquisa, publicada no periódico Journal of Geophysical Research: Planets, o SAM pode ter identificado sais que são resquícios orgânicos. Esses sais orgânicos podem ser, de acordo com os autores, resquícios de vida microbiológica em Marte.
No entanto, as amostras ainda precisam passar por outros estudos e confirmações. Tendo isso em vista, pesquisadores irão analisar ainda o solo pelo CheMin, buscando reforçar os dados do SAM.
Esses sais, como oxalatos e acetatos podem ser resíduos orgânicos e também podem servir de fonte de energia para diversos microrganismos. Isso suporta, portanto, a habitabilidade do planeta vermelho.
Resíduos orgânicos podem ou não indicar vida
Apesar do nome, resíduos orgânicos não se formam necessariamente por organismos vivos. Muitos desses e outros compostos orgânicos podem estar presentes em astros e mesmo em certos lugares da Terra apenas por atividade geológica. A própria sonda Curiosity, aliás, encontrou anteriormente outros indicativos de moléculas orgânicas na superfície arenosa do planeta.
Ainda assim, a presença de moléculas orgânicas é um indicativo forte de uma possível forma de vida ancestral em Marte. Isso porque esses sais, geralmente ricos em carbono, podem ser o que sobrou de moléculas orgânicas que microrganismos produziram com seu metabolismo.
Contudo, por hora a descoberta da Curiosity é apenas uma evidência difusa. Estudos mais aprofundados devem ser conduzidos a respeito dos resquícios orgânicos. Além do mais, o rover deve atingir terrenos mais favoráveis à coleta de material nos próximos dias, favorecendo novos dados.
O artigo está disponível no periódico Journal of Geophysical Research: Planets