Sol artificial chinês mantém 5 vezes a temperatura do Sol

Lorena Franqueto

A produção de energia não é um processo fácil, principalmente, se a energia gerada for quase inesgotável. Para isso, os cientistas trabalham no desenvolvimento de reatores de fusão nuclear. Desde 2010, 35 países participantes do projeto ITER constroem as instalações para um reator experimental. No entanto, outra nação bate recorde nessa corrida antes do esperado, o sol artificial chinês mantém 5 vezes a temperatura do Sol por 17 minutos!

A fusão nuclear e o impacto na neutralidade climática:

A fusão nuclear é um processo químico no qual dois átomos se combinam para formar um átomo maior. Por exemplo, no Sol, quatro átomos de hidrogênio combinam-se para formar um átomo de hélio. Mas para funcionar, é necessário alta pressão e alta temperatura, visto que os núcleos são positivos e naturalmente sofrem repulsão.

Na sequência, um excesso de massa liberado na reação garante a formação do calor. Vale ressaltar que esse processo acontece com diversas outras estrelas, podendo até usar outros elementos químicos.

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Imagem: ipicgr/Pixabay

Além disso, há duas vantagens no processo de fusão nuclear para produção de energia na Terra. Sendo elas: o menor risco do que a fissão nuclear (reatores tais quais os usados em Fukushima) e a não emissão de gás carbônico.

O projeto do sol artificial chinês:

Em 2006, o EAST – Experimental Advanced Superconducting Tokamak produzia o seu primeiro plasma e, logo no ano seguinte, manteve-o por cinco segundo. Esse Tokamak é um dispositivo em formato de rosquinha, com adição de eletromagnetismo, para a manutenção das partículas geradas dentro do compartimento. Ano após ano, o Sol Artificial chinês conquistou recordes na ciência.

Primeiramente, os átomos perdem seus elétrons para a formação do plasma. E, na sequência, ao contrário do Sol, a fusão nuclear do Sol Artificial ocorre através da combinação de deutério e trítio (átomos leves), resultando em hélio (átomo mais pesado).

Em vitória mais recente, dezembro de 2021, a equipe do EAST manteve esse plasma por 1.056 segundos numa temperatura maior que 70 milhões de graus Celsius (sendo a temperatura do Sol estimada em 15 milhões de graus Celsius).

Inclusive, eles já atingiram uma temperatura bem maior. Em maio do mesmo ano, foram cerca de 120 milhões de graus Celsius, porém por apenas 101 segundos.

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Imagem: Wikimeia Commons.

A importância do projeto:

Segundo os pesquisadores chineses, o novo recorde colabora também para o projeto ITER e seus membros, fornecendo explicações para otimizar a contenção do plasma. As últimas informações indicam um atraso na construção dos reatores ITER, uma vez que começaram apenas em 2020 (lembrando que são dez anos após do início da organização das instalações).

Além da baixa emissão de gases do efeito estufa, outra vantagem da fusão nuclear é o uso de recursos quase ilimitados. Como o deutério, que é obtido pela destilação simples da água do mar, e o trítio que se forma pela fusão de um nêutron com lítio.

Por fim, conforme estudos, a energia obtida no processo de fusão é expressivamente maior do que aquela produzida por combustíveis fósseis, cerca de 4 milhões de vezes a mais. Portanto, a China está cada vez mais próxima de atingir a neutralidade climática, sua meta até 2060!

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