Recentemente algumas ferramentas de povos extintos, encontradas na Polônia, foram consideradas as mais antigas já encontradas na região. A Pré-História é, a grosso modo, o momento que antecede a invenção da escrita, o período que compreende o uso de ferramentas de pedra e a evolução humana; é, basicamente, dividida entre Paleolítico, Mesolítico e Neolítico, tendo ocorrido durante 3.500 a.C. e 3.000 a.C. Muito embora a Pré-História tenha acontecido em tempos muito remotos, ela ainda revela, ao homem contemporâneo, chances de novas descobertas.
Achadas há 50 anos, as ferramentas em questão foram consideradas, recentemente, como os mais arcaicos instrumentos feitos pelo homem achados na Polônia. Com a conclusão da pesquisa, será possível aprender melhor sobre os humanos que os fizeram, bem como se deu o seu processo de migração e habitação.
A pesquisa foi publicada na revista Scientific Reports.
Meio milhão de anos é a idade das ferramentas de povos extintos
As ferramentas descobertas na caverna Tunel Wielki em Małopolska, na Polônia, têm entre 450 mil e 550 mil anos. Um extenso trabalho destinado a analisar artefatos e ossos descobertos por arqueólogos há várias décadas durante escavações nas cavernas do Planalto Cracóvia-Częstochowa está sendo realizado pelo Dr. Małgorzata Kot, da Faculdade de Arqueologia da Universidade de Varsóvia.
Após as escavações na caverna Tunel Wielki, a maioria dos artefatos foi encaixotada e armazenada. Contudo, nos últimos anos, os achados começaram a ser minuciosamente estudados pelos pesquisadores. Antes mesmo de uma análise mais aprofundada acerca dos artefatos, os cientistas já acreditavam que eles possuíam mais de 40 mil anos.
No entanto, as suposições demonstraram-se equivocadas na medida em que as ferramentas de povos extintos, na verdade, eram muito mais antigas do que se imaginava. Desse modo, mais tarde, uma equipe de especialistas da Universidade de Varsóvia, da Academia Polonesa de Ciências e da Universidade de Wrocław, composta por arqueólogos, paleontólogos, paleobotânicos e geólogos que revisitaram os artefatos e ossos de camadas individuais do solo na caverna. De acordo com o Dr. Kot, “tudo começou com uma observação de um especialista que trabalha com restos de pequenos mamíferos, Dr. Claudio Berto. Ele disse que as espécies que ele analisou certamente tinham mais de 40 mil anos e poderiam ter até meio milhão de anos.”
Reanálise
Com a conclusão decisiva do Dr. Berto, Dr. Kot e sua equipe voltaram novamente para a caverna – cuja escavação foi iniciada ainda na década de 1960 – em 2018 para reanalisarem os artefatos. Um trabalho cuidadoso, examinando as diferentes camadas de material acumulados ao longo dos anos e coletando mais material ósseo foi realizado. Dessa vez, os pesquisadores descobriram que as camadas superiores continham de fato os ossos de animais que viveram no período Pleistoceno Superior e no Holoceno.
Contudo, a camada inferior era claramente mais velha e continha os ossos de várias espécies que viveram há meio milhão de anos, como o jaguar europeu, o lobo de Mosbach, ancestral dos lobos cinzentos modernos e o urso de Deninger. Além disso, na mesma camada era possível visualizar evidências de lascas de pederneira e outras ferramentas já acabadas, como facas.
Essas descobertas podem ajudar em outros campos de estudo, pois são dados que trazem informações sobre a fascinante história humana. Baseado no tempo, os pesquisadores conseguiram afirmar que as ferramentas foram feitas, muito provavelmente, pela espécie humana extinta Homo heidelbergensis, considerado o último ancestral comum dos neandertais e dos humanos modernos – que somos nós.
Ademais, isso significa que mesmo estando numa época em que o clima da Europa Central era severo, havia habitação de humanos, o que exigia adaptabilidade e ajuste físico significativo. Os pesquisadores esperam encontrar também ossos de Homo heidelbergensis na Tunel Wielki, os quais seriam os restos humanos mais antigos já descobertos na Polônia, do mesmo modo como são as ferramentas de povos extintos.
