Shep-en-Isis: a múmia que teve seu rosto reconstruído 2.600 anos após sua morte

Mateus Marchetto

A múmia Shep-en-Isis foi descoberta ainda no século XIX, às margens do Rio Nilo. Atualmente, contudo, a múmia descansa em um museu na Suíça. Agora pesquisadores usaram análises digitais da múmia para reconstruir um rosto que um dia fora jovem, com olhos profundos e dentes levemente protuberantes.

O sarcófago da jovem egípcia mostra que há aproximadamente 2.600 anos ela pertenceu a uma família abastada e provavelmente recebeu algum grau de educação formal. A jovem viveu em Tebas, no Egito Antigo, e foi filha de um sacerdote. É provável, ademais, que ela tenha morrido no ano 610 a.C.

Agora um time de especialistas usou tomografias e dados morfológicos dos ossos da múmia para criar um rosto reconstruído digitalmente para esta jovem. O designer gráfico brasileiro Cícero Moraes, inclusive, trabalhou em parceria com especialistas da Itália e da Austrália para recriar o rosto da jovem egípcia.

A livraria Abbey Library of Saint Gall abriga hoje os restos mumificados e forneceu as análises de tomografia para os especialistas.

Algumas características, como a cor dos olhos ou da pele, não podem ter uma reprodução muito exata, evidentemente. Algumas partes da cabeça mumificadas com alta qualidade, contudo, tiveram uma reprodução provavelmente muito fidedigna, como é o caso das orelhas.

Confira o rosto reconstruído:

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Imagem: Cícero Moraes.

Rosto reconstruído com riqueza de detalhes

Cícero Moraes também trabalhou anteriormente m reconstruções faciais de figuras como Jesus Cristo ou Maria Madalena. O novo rosto reconstruído, contudo, precisou de diversas camadas digitais para simular o que seriam os tecidos reais da jovem egípcia.

Apesar de não ser possível dizer se ela foi casada ou teve filhos, documentos históricos do templo mortuário do faraó Hatshepsut ajudaram também na criação digital do rosto. Esse último templo, aliás, fica no sítio histórico de Deir el-Bahari, onde arqueólogos descobriram a múmia e também seu pai. O outro membro mumificado da família, contudo, está em Berlim.

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Imagem: Cícero Moraes

Sobre os ossos do esqueleto mumificado, ademais, a equipe de especialistas inseriu – com o auxílio de modelos computacionais – camadas de músculos e gordura, por exemplo. Então, de dentro para fora, ocorreu a reconstrução da pele, olhos e feições, para então ter sequência a recriação de detalhes como pelos faciais e cabelo.

Como dito antes, a arcada dentária da jovem estava em ótimo estado, o que ajudou a mostrar como ela provavelmente tinha dentes levemente protuberantes quando viveu.

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