Uma cidade de 3.400 anos acabou de ser revelada por causa da seca no Iraque e arqueólogos estão correndo contra o tempo para mapear antes que fique submersa novamente.
Eles tiveram um breve acesso à cidade no ano de 2018, contudo, é a primeira vez que eles conseguem um estudo abrangente no local.
A seca no Iraque
O Iraque está passando pela sua pior seca em décadas, o que é agravado pela má gestão dos recursos hídricos. Em vista disso, as comunidades locais dependem dos rios Tigre e Eufrates, que estão desprovidos da água de que precisam para sobreviver. Parte do reservatório da barragem de Mossul, no Curdistão, já foi drenado pelas autoridades para evitar que as plantações secassem em janeiro deste ano.
Essa decisão, além de preservar as plantações locais, desvelou uma cidade de 3.400 anos, dando aos arqueólogos somente alguns dias para mapear com sucesso a área do que eles acreditam que foi uma grande cidade no Império Mittani.
Uma cidade de 3.400 anos escondida pelas águas
As pessoas já sabiam que havia uma cidade ali quando a represa foi criada em 1980, contudo, os edifícios e artefatos que sobreviveram ao terremoto de 1350 a.C nunca tinham sido estudados.
Durante uma grande seca em 2018 a cidade surgiu pela primeira vez. Nesse tempo, os pesquisadores conseguiram explorar um palácio perdido com paredes maciças de 22 pés de altura, cerca de seis metros de espessura, e descobriram “restos de pinturas de parede em tons vibrantes de vermelho e azul”. Entretanto, não houve tempo o suficiente para mapear toda a cidade de 3.400 anos antes do nível da água subir.
Por isso, com a volta da seca, um comunicado da Universidade de Tübingen reuniu uma equipe de pesquisa para ir ao local, com um financiamento de curto prazo da Universidade de Freiburg para que eles examinassem o máximo possível do local antes que as águas voltassem.
Agora, com o mapeamento dos vários edifícios, os arqueólogos possuem mais informações sobre como a cidade poderia ter sido. Entre eles, havia um complexo industrial, uma fortificação com parede e torres, e um edifício de armazenamento de vários andares.
“O enorme edifício de revistas é de particular importância porque enormes quantidades de mercadorias devem ter sido armazenadas nele, provavelmente trazidos de toda a região”, diz Ivana Puljiz, professora assistente de arqueologia da Universidade de Freiburg, no comunicado.
Hasan Ahmed Qasim, presidente da Organização de Arqueologia do Curdistão e líder da expedição, acrescenta que “os resultados da escavação mostram que o local era um importante centro no Império Mittani”.
Possivelmente o local possa ser a antiga cidade de Zakhiku, um grande centro do Império Mittani, que durou de cerca de 1500 a 1350 a.C. Em seu auge, o império se estendia por cerca de 950 quilômetros, indo desde as Montanhas Zagros até o Mar Mediterrâneo.