O exército do rato-toupeira-pelado é enorme e agressivo. Eles vivem em sociedades subterrâneas formadas por um único casal reprodutor e um exército de operários.
Quase 300 deles conseguem fugir ao longo do labirinto de túneis de uma colônia. Mas uma nova pesquisa mostra que o rato-toupeira vai para a batalha com colônias rivais a fim de conquistar mais terras. Ratos-toupeira selvagens pelados (Heterocephalus glaber) invadem colônias próximas para expandir seu território, às vezes raptando filhotes, relatam pesquisadores no Journal of Zoology. Este comportamento evolui as colônias maiores e coloca as menores e menos coesas em desvantagem.
A dinâmica do rato-toupeira-pelado
Os pesquisadores descobriram essa forma de agir sem querer, enquanto monitoravam colônias de ratos-toupeira-pelados no Parque Nacional de Meru, no Quênia. A equipe estava estudando a estrutura social dessa forma extrema de grupo que vive entre os mamíferos.
Por mais de uma década, eles prenderam e marcaram milhares de ratos-toupeira de dezenas de colônias, implantando pequenos chips transponder de radiofrequência sob a pele ou prendendo os dedos dos pés.
Um dia, em 1994, os pesquisadores se surpreenderam ao notarem que, em outra colônia, já haviam ratos-toupeira marcados. Além da rainha na nova colônia ter feridas no rosto por causa da possível batalha. Assim, eles notaram que o que acontece no solo é uma guerra.
Até então, os ratos-toupeira-pelados eram mais conhecidos pela sua cooperação dentro das colônias, não pela competição, diz Stan Braude, biólogo da Universidade de Washington em St. Louis. Mas, ao longo da pesquisa, Braude e seus colegas observaram que 26 colônias expandiram seus túneis cavando sistemas de tocas ocupadas por colônias vizinhas.
Em metade dos casos, a colônia invadida fugiu. Na outra, a colônia foi deslocada e os ratos-toupeira originais nunca mais foram encontrados.
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Ainda mais, em quatro incursões, os pesquisadores pegaram os invasores em flagrante e, em três delas, era a colônia maior que fazia a invasão.
Roubo de filhotes
Muito depois da invasão de 1994, a análise genética confirmou que os agressores não apenas expulsavam os vencidos, como roubavam os seus filhotes. Esses filhotes cresciam e se tornavam trabalhadores na sociedade de seus captores.
O desejo de conquista já era conhecido nessa espécie, mas apenas em colônias em cativeiro. A confirmação de que esses conflitos ocorrem naturalmente pode ter influência na evolução das vidas sociais superlotadas dos ratos-toupeira, diz Braude.
Logo, o despejo total de colônias menores por colônias maiores apresenta um fator anteriormente não considerado. É importante para esta espécie viver em um grupo tão grande quanto possível.
Outro fator importante é que a toca é um recurso extremamente valioso. Em termos de energia, é preciso escavar e construir, disse Faulkes, da Queen Mary University de Londres. Ele observa que faz sentido a defesa do território, além do roubo deste recurso de outros.
A distribuição irregular de alimentos em um habitat tão árido e hostil também torna importante colônias grandes de ratos-toupeira.
Estudo publicado no Journal of Zoology.