Queda de asteroide escureceu a Terra e dizimou a vida em nove 9 meses

Milena Elísios
Imagem: Joe Tucciarone/Science Photo Library

A maioria dos cientistas reconhece que o evento de extinção em massa dos dinossauros, também conhecido como K-Pg, ocorreu após um asteroide ter se chocado com a Terra. Após a colisão do asteroide, há cerca de 66 milhões de anos, o cataclismo extinguiu muitas formas de vida instantaneamente. Entretanto, o impacto também causou mudanças ambientais que levaram a extinções em massa que ocorreram ao longo do tempo. Um desses gatilhos de extinção pode ter sido as nuvens densas de cinzas e partículas que se espalharam na atmosfera e por todo o planeta levando-o a um longo período de escuridão.

Durante este período, grande parte das plantas, impossibilitadas de realizar a fotossíntese, teriam perecido e com isso todo o ecossistema acabou entrando em colapso. E, mesmo depois que a luz do Sol voltou, esse declínio pode ter persistido por décadas, de acordo com uma pesquisa apresentada em 16 de dezembro na reunião anual da American Geophysical Union (AGU).

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Imagem: Geralt/Pixabay

Nuvens de rocha pulverizada e ácido sulfúrico do acidente teriam escurecido os céus, resfriando as temperaturas globais, produzindo chuva ácida e deflagrando incêndios florestais. Os cientistas propuseram pela primeira vez o “cenário de inverno nuclear” em 1980: esta hipótese sugere que a escuridão desempenhou um papel crucial nas extinções em massa após o impacto do asteroide, de acordo com Peter Roopnarine, curador de geologia do Departamento de Zoologia e Geologia de Invertebrados da Academia de Ciências da Califórnia.

Para descobrir como os efeitos do impacto do K-Pg afetou a vida na Terra, os pesquisadores usaram 300 espécies conhecidas da Formação Hell Creek, uma extensão de xisto e arenito rica em fósseis que data da última parte do Cretáceo. Em seguida, eles criaram simulações que expuseram as comunidades a períodos de escuridão com duração de 100 a 700 dias, para ver quais intervalos produziriam a taxa de extinção de vertebrados que foi preservada no registro fóssil — cerca de 73%, de acordo com a apresentação. O início da escuridão pós-impacto teria sido rápido, atingindo seu ápice em apenas algumas semanas.

Os pesquisadores descobriram que os ecossistemas podem se recuperar após um período de escuridão de até 150 dias. Mas eles observaram que depois de 200 dias essa mesma comunidade atingia um ponto crítico, onde “algumas espécies foram extintas e os padrões de domínio mudaram”, relataram os cientistas. Nas simulações em que a escuridão ficou na duração máxima, as extinções aumentaram dramaticamente. Durante um intervalo de escuridão de 650 a 700 dias, os níveis de extinção atingiram 65% a 81%, sugerindo que as comunidades da Formação Hell Creek experimentaram cerca de dois anos de escuridão, de acordo com os modelos.

Ao atingir o ponto crítico, um ecossistema poderia eventualmente se recuperar com uma nova distribuição de espécies; no entanto, esse processo teria levado décadas. De acordo com os pesquisadores na Conferência, espécies que ficaram na escuridão por 700 dias mostraram que, depois que a escuridão passou, demorou 40 anos, mais ou menos, para as condições do seu ecossistema iniciar um processo de recuperação.

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