As abelhas são insetos importantíssimos para o mundo. Esses animais fazem parte de um importante grupo: os polinizadores. Ou seja, elas são responsáveis por transferir o pólen entre as plantas. Por conseguinte, isso permite que as flores produzam frutos. Esses produtos vegetais polinizados pelas abelhas representam em torno de dois terços do alimento humano. Nesse sentido, o mapeamento de espécies de abelhas é muito importante para a sua conservação.
Tendo isso em vista, um grupo de pesquisadores da Universidade de Singapura criaram o primeiro mapeamento de espécies de abelhas do mundo. O estudo leva em consideração estatísticas de mais de 20 mil espécies de abelhas ao redor do planeta.
John Ascher, um dos autores do estudo afirma: “As pessoas pensam nas abelhas como apenas bichomel e mamangabas, e talvez mais algumas, mas existem mais espécies de abelhas do que de mamíferos e aves juntos.” O pesquisador ainda afirmou que os Estados Unidos e o Continente Africano possuem a maior variedade de espécies.
A lista gigante de todas as espécies citadas no estudo está inclusive disponível online no site Discover Life.
A importância do mapeamento de espécies ameaçadas
O hábitat de uma espécie é essencial para sua sobrevivência. Muitas espécies, inclusive, dependem de ambientes muito específicos para mater a população. Por isso, aliás, muitos animais não sobrevivem em cativeiro. As abelhas, especialmente, são muito sensíveis a mudanças físicas ou químicas no ambiente. Nas últimas décadas, comunidades gigantes de abelhas estão morrendo devido a três motivos principais: agrotóxicos, fungos e o aquecimento global.
Muitos pesticidas agrícolas são feitos para matar insetos, como as lagartas de diversas espécies. Contudo, o efeito colateral desses insumos é a morte de animais essenciais, como as abelhas. Ainda, muitas infecções de fungos vêm tomando força nas populações de abelhas nos últimos anos. O problema, nesse sentido, é que ainda não se sabe precisamente porque isso está acontecendo.
Por fim, o aquecimento global é uma ameaça geral para praticamente todas as espécies. As abelhas também são drasticamente afetadas por essa mudança. Isso porque esses insetos habitam principalmente regiões mais temperadas, mais próximas dos polos. Na região do Equador existem, também, muitas abelhas, mas a biodiversidade é menor. Com o aquecimento dessas áreas, as abelhas acabam perdendo alimentos e gastando mais energia.
Portanto, mapear essas espécies pode fornecer uma panorama das populações mais ameaçadas. Desse modo é possível entender melhor o que está acontecendo com as abelhas em cada região do mundo. A partir disso é possível traçar um plano de preservação específico para cada espécie, em cada região.
Padrões observados
Os autores relataram no artigo uma grande surpresa pela pequena quantidade de dados de populações de abelhas ao redor do mundo. Muitos estudos, de fato, já forma feitos, mas concentraram esforços em regiões menores, posteriormente extrapolando os resultados.
Nesse sentido, os pesquisadores observaram alguns lugares com grande diversidade onde tal não era esperada, e vice-versa. Acreditava-se, aliás, que regiões mais temperadas não possuíam tanta diversidade, o que é o oposto do que foi apontado por essa nova pesquisa.
Os pesquisadores acreditam que esse seja um grande passo em direção a uma melhor compreensão das abelhas. Além do mais, esses dados podem prevenir a extinção de milhares de espécies durante os próximos anos.
O artigo está disponível no periódico Current Biology.