Relativamente próximo ao Sol, cerca de 300 anos-luz de distância, existe um sistema planetário em torno da jovem estrela TYC 8998-760-1, bastante semelhante ao Sol. Esta foi a Primeira imagem direta de planetas com sua estrela.
Os dois exoplanetas na órbita de TYC 8998-760-1 foram identificados no dia 16 de fevereiro de 2020 pelo observatório Very Large Telescope, do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile.
Ver diretamente uma estrela é muito fácil, fazemos isso a olho nu a todo momento. Entretanto, além de serem menores, os planetas não possuem brilho próprio, o que torna a tarefa extremamente difícil.
Até hoje, identificamos pouco mais de 4 milhares de exoplanetas. Entretanto, os identificamos apenas por meios indiretos, principalmente pelo trânsito planetário. A primeira imagem direta de planetas em seu sistema é realmente inovadora.
O trânsito planetário consiste em um método onde um telescópio observa uma estrela continuamente por um período. Os pesquisadores, então, olham as curvas de luz, e por meio da variação, é possível identificar um planeta e seus detalhes.
É uma variação bem pequena, de um percentual próximo do 1%. Entretanto, já é o suficiente para sabermos seu tamanho, se é rochoso ou gasoso e até mesmo a composição da atmosfera, além da distância até a estrela. Podemos, por meio desses dados, adicioná-lo à lista dos exoplanetas potencialmente habitáveis.
A equipe de pesquisadores que encontrou o sistema TYC 8998-760-1 por meio das imagens diretas é liderada pelo cientista Alexander Bohn, da Universidade de Leiden, na Holanda.
“Essa descoberta é uma imagem de um ambiente muito semelhante ao nosso Sistema Solar, mas em um estágio muito inicial de sua evolução”, disse Bohn em um comunicado do ESO.
O sistema e os planetas
O primeiro dos dois planetas era um gigante gasoso, com cerca de 14 vezes a massa de Júpiter, e com uma órbita de cerca de 160 unidades astronômicas (UA). Uma UA equivale à distância média entre a Terra e o Sol.
Após isso, eles resolveram dar uma olhada mais detalhada, resgatando dados de 2017 e fazendo novas observações com o SPHERE para imagens de exoplanetas, um instrumento do Very Large Telescope.
Eles queriam confirmar apenas a existência daquele primeiro ponto, mas acabaram encontrando um segundo planeta, ainda mais longe. Sua órbita era de cerca de 320 unidades astronômicas.
Esse planeta era menor do que o anterior, apesar de ainda ser grande – cerca de 6 vezes a massa de Júpiter. Ele foi nomeado de TYC 8998-760-1 c. O outro, maior, também recebeu o nome da estrela, TYC 8998-760-1 b.
Além da inovação, que pode abrir uma nova forma de exploração do espaço e ajudar grandemente os cientistas em missões como a busca por outras formas de vida inteligente, fora da Terra, há outras aplicações.
Entender um sistema planetário novo, com apenas 16,7 milhões de anos pode ser extremamente vantajoso para entendermos a evolução do nosso próprio Sistema Solar, já que TYC 8998-760-1 é bastante parecido.
Por exemplo, os cientistas já imaginavam que os gigantes gasosos se formavam muito longe da estrela, e só depois se aproximavam. O fato de a distância deles ser realmente grande pode ser uma evidência observacional que a comprove.
Bohn conclui, no comunicado, que a descoberta “marca um ponto importante na compreensão de sistemas multi-planetários, com possíveis implicações para a história de nosso planeta. próprio sistema solar”.
O estudo foi publicado no The Astrophysical Journal Letters.
Com informações de Science Alert e ESO.