Presidente da Agência Espacial Brasileira considera enviar mais um astronauta ao espaço

Daniela Marinho
Marco Antônio Chamon, novo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB). Imagem: AEB

Em entrevista à Revista VEJA, Marco Antônio Chamon, oficialmente empossado como o novo Presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB) recentemente, falou sobre a possibilidade de um outro astronauta brasileiro integrar a equipe. Além de parcerias internacionais e novos planos. Confira os principais pontos.

Um pouco mais sobre o novo chefe da agência espacial

A ascensão de Chamon marca a sucessão de Carlos Augusto Teixeira de Moura, um oficial militar aposentado, que foi nomeado durante a administração de Jair Bolsonaro. Detentor de um diploma em engenharia elétrica pela renomada Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Chamon também ostenta um mestrado em engenharia e tecnologia aeroespacial pelo prestigioso Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), uma instituição onde ele tem sido ativamente envolvido desde o ano de 1984.

Ademais, ele alcançou o ápice da busca acadêmica ao obter um doutorado em eletrônica pela conceituada École Nationale Supérieure de l’Aéronautique et de l’Espace (Supaero), localizada em Toulouse, França.

Numa era caracterizada pela acirrada competição internacional por domínio além das fronteiras da Terra, o histórico acadêmico de Chamon e seu extenso tempo de serviço no INPE o colocam como uma figura formidável, pronta para navegar de maneira habilidosa na intricada teia da diplomacia espacial.

Desse modo, seu mandato engloba não apenas a manutenção do equilíbrio entre as superpotências, mas também a orientação do Brasil em direção a novas oportunidades de destaque nas fronteiras em constante expansão da exploração espacial.

Protagonismo brasileiro

Questionado sobre as intenções em garantir um maior protagonismo brasileiro no cenário espacial, Chamon esclareceu que em sua gestão haverá mais espaço internacional:

Nós sempre fomos um centro de excelência nas aplicações para o meio ambiente. O programa de monitoramento de desmatamento é um exemplo mundial. Esse protagonismo o Brasil tem. O país também tem um protagonismo na política de dados, nós lideramos o conceito de dados abertos. Nós fomos seguidos por nações que têm grandes programas espaciais. Além disso, o Brasil aparece naturalmente como uma liderança entre os países com menos tradição espacial, primeiro porque o país se relaciona com todo mundo, e segundo porque nós somos um ponto intermediário entre os países emergentes e os países com grandes orçamentos. Todo mundo gostaria de ter o orçamento da Nasa, mas nós temos um programa relevante com o orçamento que nós temos, que não é pequeno, mas é modesto em relação a alguns outros. Nós temos protagonismo por causa dessa posição.

Corrida espacial

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Imagem: Eli Vieira/Midjourney

O Brasil é conhecido no exterior como um país diplomático. Desse modo, o mundo tem presenciado uma nova fase da corrida espacial protagonizada pelos Estados Unidos e China. Na entrevista, Chamon falou sobre as relações que o país tem com as duas potências:

É fato que nós assinamos o acordo Artemis e é fato que o Presidente Lula foi à China e assinou um protocolo para desenvolver o Cbers-6. O mundo não acabou. Os americanos continuam conversando com a gente e os chineses estão muito satisfeitos com o retorno do Brasil às atividades com eles. Existem diferenças entre os dois, mas eles conversam. Talvez para alguns temas o Brasil sirva de ponte. Nós não somos um mensageiro de luxo entre os dois, isso seria ridículo. A ideia é que, ao conversar com os dois, nós possamos trabalhar com os dois países e essas tensões sejam atenuadas, apesar das divergências.

Atuação brasileira no Artemis

Perguntado sobre a atuação brasileira no projeto Artemis, o novo chefe da agência espacial explicou de que forma o Brasil pode participais mais ativamente:

O Brasil pode cooperar com fazendas espaciais, conhecidas como space farming. Não dá pra colocar uma semente no solo lunar e esperar florescer, mas é preciso construir um contêiner onde as coisas serão plantadas. Isso não é trivial de ser feito, mas nós temos uma boa experiência com a Embrapa, uma potência do Agro que lidera processos desse tipo no país. Os acordos estão para ser assinados e há uma vontade muito grande dos dois lados para trabalhar nisso. Nós estamos tentando copiar essa ideia com outras instituições. Estamos pensando em alguma coisa com a Petrobrás, mas ainda está muito no começo. A ideia é pensar junto com as outras instituições e universidades. Estamos procurando.

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