A economia chinesa é uma das maiores do mundo, competindo diretamente com a norte-americana, e os produtos da China parecem estar por toda parte. É comum ver os rótulos “Made in China” em diferentes produtos, fazendo parecer que a grande maioria das coisas parece ser feita no país asiático.
Alguns podem pensar que isso se deve ao fato de a China possuir mão de obra barata, o que reduz os custos de produção, mas a realidade vai além disso. Além do baixo custo da mão de obra, a China se tornou a “fábrica do mundo” devido a um ecossistema de negócios extremamente forte, falta de conformidade regulatória, baixos impostos e uma moeda competitiva.
Motivos que tornam a China tão competitiva
Salários baixos
Há mais de 1 bilhão de pessoas vivendo na China, o que a torna a nação mais populosa do mundo. A lei da oferta e demanda aponta que, com uma quantidade tão alta de trabalhadores sendo maior que a demanda, os salários ficam baixos. Além disso, a maior parte da população chinesa era rural ou de classe média-baixa até o final do século XX, quando a migração para as zonas urbanas começou.
Esses migrantes frequentemente aceitavam ter salários mais baixos. A China não segue rigidamente leis relacionadas a trabalho infantil ou salário-mínimo, algo mais comum no ocidente. Contudo, essa situação tem mudado recentemente, com o salário-mínimo aumentando em algumas províncias devido ao crescimento do custo de vida.
Essa enorme força de trabalho de reserva ajuda a manter a atividade aquecida, serve para atender às mudanças sazonais na indústria e até a aumentos repentinos na demanda.
Ecossistema de negócios
A produção industrial não basta por si, dependendo de uma rede de fornecedores, distribuidores, fabricantes, agências governamentais e consumidores, todos envolvidos no processo de produção através da cooperação e competição.
O ecossistema de negócios na China evoluiu muito nos últimos trinta anos. Schenzen, cidade que faz fronteira com Hong Kong ao sudeste, se tornou um polo para a indústria eletrônica. Seu ecossistema consegue sustentar a cadeia de fornecimento, incluindo fabricantes de componentes, trabalhadores de baixo custo, uma força de trabalho técnica, fornecedores de montagem e clientes.
Menor conformidade
Fabricantes no ocidente precisam seguir certas orientações básicas no que diz respeito ao trabalho infantil, trabalho involuntário, normas de segurança e saúde, leis salariais e proteção ambiental. As fábricas chinesas, contudo, são conhecidas por não seguirem a maior parte dessas leis.
Historicamente, as fábricas chinesas fizeram uso de trabalho infantil, tiveram longas horas de trabalho e não garantiram aos trabalhadores um seguro de compensação. Algumas fábricas tinham inclusive uma política de pagamento anual, estratégia para evitar os trabalhadores de se demitirem antes do fim do ano.
Diante críticas, o governo chinês afirmou que iria instituir reformas para proteger os direitos dos trabalhadores, assim como a garantia de uma compensação mais justa. Contudo, a conformidade com regras em muitas indústrias é baixa, e a mudança tem sido lenta.
Além disso, as leis de proteção ambiental são largamente ignoradas, permitindo que as fábricas chinesas consigam evitar os custos de gestão de resíduos.
Impostos e obrigações
A política de abatimento de impostos de exportação foi iniciada em 1985 pela China como forma de aumentar a competitividade de suas exportações, abolindo a dupla tributação sobre as mercadorias exportadas. As mercadorias exportadas estavam sujeitas a zero por cento de imposto sobre valor agregado (IVA), o que significa que gozavam de uma isenção de IVA ou política de abatimento.
Além disso, os produtos de consumo da China foram isentos de quaisquer impostos de importação. Essas alíquotas mais baixas ajudaram a manter o custo de produção baixo, permitindo ao país atrair investidores e empresas que buscam produzir bens de baixo custo.
Tudo isso, assim como uma moeda que foi acusada diversas vezes de ser artificialmente depreciada, favoreceram o impulso econômico que a China teve nas últimas décadas, despontando como uma das grandes potências do século XXI.