Planeta Terra
População do boto-cor-de-rosa está em queda descontrolada

O boto-cor-de-rosa do rio Amazonas (Inia geoffrensis) é um dos poucos golfinhos de água doce restantes no planeta, com duas outras espécies superficialmente semelhantes encontradas no sul da Ásia.
Anthony Martin, da Universidade de Dundee no Reino Unido, e seus colegas passaram mais de duas décadas estudando os botos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, na Amazônia brasileira. Martin e Vera da Silva, do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas, calcularam as tendências populacionais usando sua riqueza de dados de longo prazo.
A equipe utilizou 22 anos de dados de sobrevivência e reprodução de mais de 650 botos para desenvolver um modelo que prevê o crescimento futuro da população desses mamíferos peculiares.
“Quando começamos este trabalho, os botos estavam em toda a parte e os considerávamos extremamente abundantes”, explica Martin. Entretanto, o modelo deles nos surpreendeu. “O declínio é muito mais severo do que prevíamos”, disse Martin.
Prevê-se que a população de golfinhos de água doce diminua a pelo menos 95% em menos de 50 anos em todas as suas seis simulações. O boto pode se extinguir em pouco mais de um século.
O declínio precipitado dos botos nesta região da Amazônia central se deve em grande parte ao enredamento e afogamento em redes de guelras monofilamentares, bem como à captura e utilização dos botos como isca de peixe.
Martin afirma que o boto está seguindo os passos do baiji (Lipotes vexillifer), um golfinho de rio nativo do rio Yangtze da China que está quase certamente extinto. “Todos os verdadeiros golfinhos de rio – aqueles que não conseguem fugir dos humanos – estão sendo extintos”.
Botos eram os mais numerosos golfinhos de rio e acredita-se que estavam em melhor saúde, de acordo com Martin. “Entretanto, a realidade é que eles estão desaparecendo a um ritmo alarmante”.
Uma mudança que poderia ter um impacto significativo nas perspectivas dos botos é o aumento da aplicação das leis existentes que proíbem o uso de redes de emalhar. De acordo com Mariana Paschoalini Frias, da Universidade Federal de Juiz de Fora, a previsão de extinção é “extremamente alarmante”. Mariana, por outro lado, argumenta que os golfinhos da Amazônia Central podem estar enfrentando dificuldades que não necessariamente afetam toda a gama da espécie.
“É fundamental determinar se outras regiões estão passando por um declínio populacional“, disse ela.


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