Cientistas conseguem explorar o “poço do inferno” no Iêmen

Letícia Silva Jordão
Imagem: Oman Cave Exploration Team / AFP

O Poço de Barhout, popularmente conhecido como “Poço do Inferno” recebeu uma visita de cientistas que queriam explorar o famoso sumidouro, que é carregado de mitos sobre sua existência.

A fim de descobrir mais sobre o que havia dentro do poço e talvez pôr um fim nas lendas locais, um grupo de 10 cientistas de Omã decidiram que era hora de explorá-lo.

A exploração no poço do inferno

Os exploradores do grupo Oman Cave Exploration Team (OCET) oficialmente se tornaram os primeiros indivíduos a descer até o fundo do Poço de Barhout. O sumidouro que possui 112 metros de profundidade e uma entrada de 30 metros de diâmetro está localizado no deserto de Al-Mahara.

Durante a exploração, somente 8 dos 10 cientistas adentraram ao poço, utilizando um sistema de roldana que os abaixou até o fundo. 

Segundo Mohammed al-Kindi, professor de Geologia na Universidade Alemã de Tecnologia de Omã que participou da expedição, ao chegar lá eles não encontraram pegadas ou outros sinais de que algum humano havia estado no local.

Enquanto os cientistas desciam, eles puderam observar um piso irregular revestido de estalagmites que chegavam até 9 metros de altura, mas não havia nenhum espírito maligno como o povo local acreditava.

Os mitos do povo local

Tudo que é desconhecido pela raça humana acaba sofrendo interpretações místicas sobre seu significado. Com o Poço de Barhout não foi diferente.

Já podemos ver isso pelo nome utilizado para se referir ao sumidouro, que devido a diversos relatos sobre um cheiro ruim saindo do buraco, acabou surgindo o mito de que lá era a porta de entrada para o inferno, levando então ao seu apelido: poço do inferno.

O povo local acreditava ainda que o poço abrigava espíritos malignos e que se chegassem muito perto, algo os levaria para dentro. Também tem os que pensavam que o poço era, na verdade, um supervulcão, e que quando ele entrasse em erupção poderia destruir o planeta Terra.

Mas a ciência explica que esse poço é o que chamamos de sumidouro, que basicamente é um buraco que se forma na terra a partir de efeitos naturais. A expedição até o fundo do Poço de Barhout só serviu para confirmar isso, já que os cientistas não encontraram nada de místico lá dentro.

As descobertas dos exploradores

Cientista entrando no poço do inferno por meio de fios.
Imagem: AFP

Ao atingir o fundo do sumidouro, os cientistas encontraram cachoeiras, cobras, sapos e alguns animais mortos em decomposição, que provavelmente era o motivo dos residentes sentirem um cheiro ruim saindo do poço.

Também foi encontrado algumas pérolas de caverna, um tipo incomum de espeleotema que se forma a partir do acúmulo de minerais como carbonato de cálcio e pelas pequenas cachoeiras que se formaram ali a partir de fendas nas paredes.

Os exploradores ficaram dentro do poço durante seis horas coletando amostras de rochas, solo, água e alguns animais mortos para estudos posteriores sobre a formação do sumidouro.

Nas próximas semanas, o esperado é que seja publicado um relatório final sobre a exploração ao Poço do Inferno e suas descobertas.

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