Imagine um prédio no coração da cidade, onde alfaces, rúculas e manjericões crescem em torres de dez andares, banhados por uma luz rosa futurista. Não, não é um cenário de ficção científica, mas a realidade da Pink Farms, a maior fazenda urbana vertical da América Latina, localizada em São Paulo. Fundada em 2017 por três engenheiros, a empresa aposta na inovação da agricultura 4.0 para oferecer alimentos frescos, saudáveis e sustentáveis, cultivados a poucos metros do consumidor final.
O futuro da alimentação é vertical?
Com o crescimento populacional e a crescente demanda por alimentos, a agricultura vertical surge como uma alternativa promissora para garantir a segurança alimentar global de forma sustentável. Diferente do cultivo tradicional, as fazendas verticais utilizam espaços como prédios e galpões para cultivar alimentos em camadas, otimizando o uso do solo e dos recursos naturais.
No caso da Pink Farms, um galpão de 750m² na Zona Oeste de São Paulo abriga uma verdadeira revolução verde. A empresa desenvolveu um sistema vertical de produção em um galpão de 750m2 na capital paulista, onde torres de oito andares abrigam plantações de diversas verduras, como alface, rúcula, manjericão, espinafre e acelga.
Tecnologia a serviço da sustentabilidade
“Em um ambiente controlado, analisamos e monitoramos vários fatores – como temperatura, intensidade da luz, umidade, pH – e, depois de muita pesquisa, encontramos as condições ideais para cultivar hortaliças perfeitas para o visual, o paladar, e, é claro, a saúde”, explica Geraldo Maia, CEO e fundador da Pink Farms.
A fazenda utiliza tecnologia de ponta para garantir o ambiente ideal para o desenvolvimento das plantas. Um sistema de automação controla variáveis como temperatura, umidade, níveis de CO2 e intensidade da luz. A empresa utiliza luzes de LED na cor rosa – daí o nome Pink Farms -, que imitam a luz solar e estimulam a fotossíntese de forma mais eficiente. “Para a planta, é como se ela estivesse finalmente vivendo em um lugar perfeito. Com isso, o sabor, a qualidade e a textura do produto também são diferentes”, diz Maia.
Essa combinação de fatores permite que a Pink Farms produza alimentos durante o ano todo, independentemente das condições climáticas, e com um uso muito mais eficiente dos recursos naturais. “Entre as vantagens da produção em fazendas verticais estão a de trazer o alimento para perto do consumidor, com muito menos desperdício e com uso mais eficaz de recursos naturais”, segundo Maia.
A Pink Farms utiliza 95% menos água em comparação com a agricultura tradicional e 60% menos fertilizantes. Além disso, o sistema de irrigação hidropônico dispensa o uso de terra, e os alimentos são cultivados sem a necessidade de agrotóxicos.
Frescor e sabor direto da fazenda para a mesa
A localização privilegiada no centro da cidade permite que a Pink Farms ofereça produtos fresquíssimos, colhidos poucas horas antes da entrega. O sistema de produção vertical também garante um controle rigoroso de higiene, diminuindo o risco de contaminação dos alimentos.
A proximidade com o consumidor final também se traduz em menor desperdício e menor emissão de gases de efeito estufa durante o transporte. “É um sistema em que a perda é muito reduzida e com custo logístico menor, uma vez que estamos inseridos no próprio centro consumidor”, explica Maia.
A Pink Farms comercializa seus produtos por meio de supermercados, hortifrútis, empórios e também diretamente ao consumidor, através de um sistema de assinatura. Os planos de assinatura oferecem flexibilidade e praticidade para o consumidor, que pode escolher os produtos e a frequência de entrega.
Um mercado em expansão
O mercado de fazendas verticais está em franca expansão global. De acordo com um relatório da MarketsandMarkets, a expectativa é que o setor triplique de valor até 2026, saltando de US$ 3,31 bilhões para US$ 9,7 bilhões.
No Brasil, a agricultura vertical ainda é um setor incipiente, mas com grande potencial de crescimento. A Pink Farms, por exemplo, já planeja expandir sua produção para outras cidades, como Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. A empresa também busca diversificar seu portfólio, com o desenvolvimento de novos cultivares, incluindo frutas, legumes e cogumelos.
Desafios e perspectivas
Apesar do enorme potencial, a agricultura vertical ainda enfrenta desafios para se consolidar como uma alternativa real à produção de alimentos em larga escala. Um dos principais entraves é o alto custo de implementação e manutenção das fazendas verticais, que exigem alta tecnologia e consumo energético.
Outro desafio é a regulamentação do setor, ainda inexistente no Brasil. Isso impede, por exemplo, que os produtos da Pink Farms, apesar de livres de agrotóxicos, recebam o selo de orgânicos, já que a legislação brasileira exige que o cultivo seja feito em solo.