A crença comum de que pessoas mais inteligentes pensam mais rápido foi desafiada por uma recente pesquisa conduzida por cientistas. O estudo, publicado na revista Nature Communications, revelou que indivíduos com pontuações de inteligência mais altas eram mais rápidos apenas ao lidar com tarefas simples, enquanto levavam mais tempo para resolver problemas complexos em comparação com sujeitos com pontuações de QI mais baixas.
A pesquisa envolveu a simulação personalizada do cérebro de 650 participantes. Os cientistas descobriram que cérebros com menor sincronia entre as áreas cerebrais tendem a “pular para conclusões” ao tomar decisões, em vez de esperar que as regiões cerebrais superiores completem os passos de processamento necessários para resolver o problema. Curiosamente, os modelos cerebrais dos participantes com pontuações mais altas também precisavam de mais tempo para resolver tarefas desafiadoras, mas cometiam menos erros.
A equipe de pesquisa, liderada pela Prof. Petra Ritter, chefe da Seção de Simulação Cerebral do BIH, usou dados digitais de exames cerebrais, como imagens de ressonância magnética (MRI), e modelos matemáticos baseados em conhecimento teórico sobre processos biológicos para simular o funcionamento do cérebro humano. Esses modelos cerebrais personalizados foram refinados com dados de indivíduos específicos, permitindo uma representação mais precisa do cérebro de cada participante.
Os resultados mostraram que os cérebros “mais lentos”, tanto nos humanos quanto nos modelos, eram mais sincronizados, ou seja, estavam em sintonia uns com os outros. Essa maior sincronia permitia que os circuitos neurais no lobo frontal adiassem as decisões por mais tempo do que os cérebros que estavam menos coordenados. Em termos práticos, uma tarefa fácil seria frear rapidamente em um sinal vermelho, enquanto uma tarefa difícil exigiria a elaboração metódica da melhor rota em um mapa rodoviário.
Os resultados deste estudo têm implicações significativas para o planejamento do tratamento de doenças neurodegenerativas, como demência e doença de Parkinson. A tecnologia de simulação utilizada neste estudo pode ser usada para melhorar o planejamento personalizado in silico de intervenções cirúrgicas e medicamentosas, bem como a estimulação cerebral terapêutica. Por exemplo, um médico já pode usar uma simulação de computador para avaliar qual intervenção ou medicamento pode funcionar melhor para um paciente específico e teria menos efeitos colaterais.