Planeta Terra
Pesquisadores não têm explicação: detalhe estranho em fóssil não se parece com nada conhecido
Um réptil extinto descoberto na região de Alsácia, na França, nos anos 1930 tem deixado cientistas intrigados devido a uma característica anatômica sem precedentes na história evolutiva. Preservado por décadas sem estudos aprofundados, o fóssil revela uma estrutura semelhante a penas que desafia o conhecimento atual sobre a evolução desses apêndices.
Encontrado pelo entusiasta de fósseis Louis Grauvogel nas camadas rochosas do período Triássico médio, datadas de aproximadamente 247 milhões de anos, o pequeno réptil permaneceu praticamente esquecido nas coleções familiares até recentemente, quando paleontólogos finalmente se debruçaram sobre este tesouro paleontológico.
Batizado como Mirasaura grauvogeli em homenagem ao seu descobridor, o animal tinha dimensões modestas, cerca de 30 centímetros de comprimento, e provavelmente levava uma vida arborícola. À primeira vista, parecia apenas mais um réptil primitivo, mas um detalhe anatômico em particular chamou a atenção dos pesquisadores.
Uma crista que desafia a compreensão científica
Em estudo publicado em julho de 2025 na revista Nature, cientistas descrevem uma extraordinária crista dorsal composta por longos filamentos finos. “A crista era formada por apêndices individuais que se sobrepunham de forma estreita, um pouco como as penas da asa de uma ave”, explica o paleontólogo Stephan Spiekman, coautor do estudo.
O mais surpreendente é que essa estrutura semelhante a penas não corresponde a nada conhecido na paleontologia. Contudo, os pesquisadores ressaltam que não se trata de penas verdadeiras como as que conhecemos nas aves modernas.

Como detalha Spiekman, as penas das aves resultam de um complexo processo de ramificação que forma o eixo central, as barbas e as barbículas, que se encaixam criando uma superfície coesa. Os apêndices do Mirasaura não apresentam essas ramificações características, configurando uma estrutura completamente diferente, ainda que visualmente similar.
Sem relação com as aves
Outro fato relevante é que o M. grauvogeli não pertence à linhagem evolutiva das aves nem possui parentesco próximo com estas. O réptil fazia parte da família dos drepanossauros, um grupo extinto de répteis adaptados à vida nas árvores, equipados com caudas preênseis e garras curvas.
“M. grauvogeli é anterior aos dinossauros e não tem relação próxima com eles: portanto, não é um ancestral das penas das aves”, esclarece Stephan Spiekman.
A crista, semelhante a penas, surgiu nesse réptil aproximadamente 100 milhões de anos antes dos primeiros dinossauros emplumados, o que torna a descoberta ainda mais extraordinária para a compreensão da evolução de estruturas corporais complexas.
Função provavelmente visual e social
Se essa crista não servia para voar nem para regular a temperatura corporal, qual seria sua função? Os paleontólogos sugerem que ela desempenhava principalmente um papel na comunicação visual, possivelmente para atrair parceiros ou intimidar rivais durante disputas territoriais.
Um detalhe que reforça essa hipótese foi a descoberta de resíduos de coloração marrom escura preservados na crista. Análises revelaram a presença de melanossomos, pequenas estruturas que contêm melanina, o mesmo pigmento responsável pela coloração da nossa pele, cabelos e das penas das aves.
Embora ainda seja impossível determinar com precisão a cor original da crista, os cientistas estão certos de que esta característica tornava o Mirasaura grauvogeli um animal visualmente distintivo em seu habitat, há 247 milhões de anos.
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