Discover — Um estudo publicado na segunda-feira, 16 de julho, estima a composição de camadas de rochas profundas conhecidas como crátons e conclui que elas podem ser muito mais brilhantes do que se suspeitava anteriormente. Partes do manto da Terra podem ter até dois por cento de diamante por composição, muito mais do que se suspeitava anteriormente. Em termos de massa, isso equivale a cerca de um quatrilhão, ou mil trilhões de toneladas de diamante.
Uma equipe liderada por um pesquisador da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, observou como as ondas sísmicas viajam pelas profundezas da Terra e descobriu que elas estavam se movendo mais rápido do que o esperado. Analisar as ondas sísmicas é a maneira padrão de determinar a composição do interior do nosso planeta, pela simples razão de que elas são uma das poucas coisas que podemos detectar que realmente viajam através da Terra. Vibrações de terremotos não apenas viajam ao longo da superfície, elas também se movem através do corpo de nosso planeta – e uma rede de sismógrafos ao redor do mundo está escutando cada tremor que nosso planeta faz.
Essa técnica é como sabemos que o planeta tem um núcleo líquido, e os pesquisadores continuaram a refinar nossa concepção das regiões mais profundas da Terra com ela. As últimas descobertas surgem graças a anos de dados sísmicos do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) usados para resolver um mistério persistente entre os geólogos. Quando as ondas sísmicas viajam através dos núcleos de placas tectônicas – conhecidas como crátons e se parecem com montanhas invertidas – elas se movem mais rápido do que deveriam com base nos modelos atuais de sua composição.
Porque nós não podemos simplesmente olhar para os crátons de 160 quilômetros de profundidade (o buraco mais profundo que já cavamos nem chegou a um décimo do caminho), os pesquisadores construíram um manto virtual usando um algoritmo de computador e tocaram em torno de diferentes composições até encontrar uma que correspondesse com o que eles estavam observando.
O melhor ajuste, dizem eles em um artigo publicado na revista Geochemistry, Geophysics, Geosystems, foi composto em grande parte dos minerais peridotito e eclogite, com uma saudável pitada de diamante. Essa combinação tornaria os crátons menos densos do que se pensava anteriormente, o que explicaria por que as ondas sísmicas viajam mais rápido do que os modelos mais antigos exigiam. Os diamantes, embora presentes em uma concentração relativamente baixa, ajudam a estabilizar os crátons, dizem os pesquisadores, e também transmitem vibrações extremamente rápidas.
As partes profundas dos crátons, conhecidas como raízes, também estão perto de onde os diamantes se formam, em primeiro lugar, no calor escaldante e nas pressões esmagadoras encontradas nas profundezas do planeta. Lá embaixo, os diamantes podem não ser tão raros, afinal de contas – é, porém, difícil para eles chegarem à superfície da Terra e aos anéis e brincos de seres humanos.
Texto traduzido do original de Discover Magazine. O texto original em inglês pode ser lido aqui.
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