Cientistas descobriram, no deserto do Saara, os restos de um peixe que viveu nessa região durante o início do Holoceno (10.200 a 4.650 AEC), o que lança nova luz sobre os povos que viveram ali e a fauna e flora do local no passado.
Atualmente, as montanhas Tadrart-Akakus, localizadas no deserto do Saara, na Líbia, são uma região sem vida. No entanto, descobertas arqueológicas mostram que, durante o Holoceno inicial, essa área era bastante rica em água – e, como resultado, em vida. Isso é evidenciado pelos numerosos assentamentos dos primeiros povos e pela fauna diversificada, cujos traços foram descobertos por arqueólogos.
Em um novo estudo, publicado na PLOS ONE, um grupo de cientistas escavou partes do abrigo de pedra dos povos antigos de Takarkori para identificar e datar os restos de animais encontrados neste local e estudar as mudanças em seu número ao longo do tempo.
A maioria dos restos encontrados pelos cientistas pertencia a peixes (cerca de 80%). Os 19% e 1% restantes dos fósseis pertenciam a mamíferos e moluscos.
“As principais descobertas são, sem dúvida, os restos de peixe. Embora não seja raro nos primeiros contextos holocênicos do Norte de África, a quantidade de peixe que encontramos e estudamos é sem precedentes no Saara central”, disse Savino di Lernia, da Universidade Sapienza de Rom, ao jornal Newsweek. “O estudo acrescenta novas informações sobre as mudanças climáticas, bem como adaptações culturais. É particularmente intrigante que peixe fosse comum também na dieta dos primeiros pastores”.
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A análise da idade dos restos mostrou que o número de peixes nessa região diminuiu ao longo do tempo. Além disso, o número de mamíferos permaneceu estável. O resultado do estudo indica que os antigos da região comiam principalmente peixe e depois se concentraram na caça e criação de animais.
“Acredito que a quantidade de peixe que permanece nas primeiras camadas de ocupação é realmente impressionante. Gostei particularmente do fato dos primeiros pastores serem bons pescadores, e o peixe era um alimento essencialmente importante”, disse Savino.
Os resultados fornecem “informações cruciais sobre as dramáticas mudanças climáticas que levaram à formação do maior deserto escaldante do mundo”.
“O abrigo rupestre de Takarkori provou mais uma vez ser um verdadeiro tesouro para a arqueologia africana e para além dela: um lugar fundamental para reconstruir a complexa dinâmica entre os antigos grupos humanos e o seu ambiente num clima em mudança”, declararam os pesquisadores no artigo científico.
O artigo científico foi publicado na revista PLOS ONE, clique aqui para acessá-lo.
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