Por mais que pareça uma brincadeira de mal gosto, a foto acima é verdadeira. Tão verdadeira, aliás, que o peixe fumante levou o prêmio da competição Ocean Photography Awards 2021, na categoria de conservação.
O canadense Steven Kovacs foi o autor da foto impressionante, registrada no estado da Flórida, nos Estados Unidos. A imagem mostra, por conseguinte, um pequeno Trachinocephalus myops, popularmente conhecido como peixe-lagarto ou peixe-cobra.
O animal vive apenas no Oceano Atlântico, tendo até 40cm de comprimento e, para capturar suas presas, se enterra na areia e espera a passagem de um pequeno animal. Quando um presa se aproxima demais, o peixe lagarto a captura a velocidades altíssimas, saindo da areia.
Contudo, a imagem do peixe fumante exemplifica duas coisas. A primeira é que os peixes-lagarto não sabem muito bem identificar as coisas que passam no seu caminho, apenas se baseiam no tamanho da suposta presa. A segunda é que o impacto da produção de lixo chega aos mais diversos níveis dos ecossistemas aquáticos.
De acordo com Kovacs, o peixe capturou o cigarro que flutuava na sua frente, provavelmente pensando que fosse uma presa. O autor relata que interferiu na cena, buscando salvar a vida do peixe fumante.
Por esse tipo de acontecimento, aliás, o Ocean Photography Awards 2021 tem uma categoria especialmente para imagens que refletem o impacto dos seres humanos na vida marinha. Outra imagem ganhadora da categoria, por exemplo, mostra uma moreia morta, de olhos vidrados, enrolada em uma ilha de pesca abandonada, como pode-se conferir abaixo.
Ainda a categoria contou com a imagem de um pequeno cavalo-marinho enrolado em uma máscara, foto também elogiada pelo júri da competição.
Outros vencedores além do peixe fumante
Outros exemplos da categoria de conservação do Ocean Photography Awards 2021 mostram uma tartaruga-marinha enroscada em uma boia e linhas de pesca, ou um náutilo aderido a um pedaço de plástico. Esse último exemplo, aliás, também foi registrado por Steven Kovacs.
O objetivo principal da competição, nesse sentido, é buscar trazer atenção do público para a degradação dos sistemas aquáticos ao redor do planeta. Após o debate sobre o impacto dos canudinhos de plástico na saúde das tartarugas-marinhas, agora os desafios tendem a aumentar.
Isso porque boa parte da poluição dos oceanos vem de linhas e equipamentos de pesca – em geral feitos de plástico – abandonados por navios e barcos pesqueiros. Além do mais, a poluição pelo resíduo de plásticos e microplásticos também aumenta pelos rejeitos humanos despejados no oceano diariamente.
Além desse aspecto, como vemos com o peixe fumante, a competição busca relatar a beleza da biodiversidade marinha e, por meio disso, incitar a consciência do impacto das atividades humanas na biodiversidade.
Steven Kovacs publica em seu Instagram, que interferiu quando o peixe abocanhou o cigarro pois se sentiu “obrigado” a o fazer. O autor indica, portanto, que o dano que seria causado para a vida do peixe pela ingestão do cigarro foi causado unicamente pela atividade humana.
Ou seja, não se deve de fato interferir em eventos naturais, mesmo que causem a morte de um animal (e há um grande debate acerca desta afirmação). Contudo, a produção de lixo da forma como a conhecemos não é nem um pouco natural e é ademais responsabilidade humana.
Com informações de IFLScience.
