Peixes foram capturados e filmados a mais de 8 quilômetros abaixo da superfície do oceano, quebrando recordes e aproximando-se das profundidades máximas em que podem ser encontrados.
Na trincheira de Izu-Ogasawara, na borda ocidental do Oceano Pacífico, cientistas filmaram uma espécie desconhecida de Pseudoliparis, um tipo de peixe-caracol, a impressionantes 8.336 metros de profundidade.
A Fossa das Marianas é a trincheira mais profunda e estudada, porém, o professor Alan Jamieson, do Minderoo-UWA Deep Sea Research Center, aponta que a temperatura pode ser um fator importante para a vida nessas trincheiras, tornando Izu-Ogasawara mais interessante biologicamente.
A trincheira de Izu-Ogasawara é a mais quente e, combinada com a alta produtividade das águas ao redor do Japão, apresenta condições de vida mais atraentes.
Uma equipe que opera o navio de pesquisa DSSV Pressure Drop explorou a trincheira, capturando Pseudoliparis belyaevi a 8.022 metros e filmando espécies desconhecidas a 8.336 metros. Essa descoberta contesta a alegação de que pouco se sabe sobre o fundo do mar.
Jamieson explica que as águas acima da Fossa das Marianas são mais tropicais que as de Izu-Ogasawara, mas a fossa é mais fria devido à sua proximidade com o Oceano Antártico. A água fria e salgada desce até o fundo das costas do continente congelado e flui para o norte, aquecendo lentamente. Ao encontrar uma trincheira, a água flui para ela, tornando a ecologia de Izu-Ogasawara diferente da de Mariana.
A exploração das trincheiras japonesas revelou vida abundante, mesmo nas profundezas. Peixes-caracol, em geral, não são de águas profundas, mas, nesses locais, vivem de pequenos crustáceos que se alimentam do material orgânico que afunda na trincheira.
Segundo Jamieson, pode levar semanas ou meses para esse material chegar ao fundo, mas os crustáceos famintos não veem datas de validade e constroem uma rede alimentar com tudo o que encontram.
