Pássaros ‘sem vergonha’ roubam pelo de predadores vivos como se não fosse grande coisa

Rafael D'avila

Os ninhos dos pássaros são completamente quentinhos e aconchegantes para os filhotes, mas você sabia que uma espécie usa pelo de predadores vivos para isso? O ‘Chapim de Tufos’ (Baeolophus bicolor) e seus parentes mais próximos costumam colher esse material na maior cara dura, mas cientistas tinham outro pensamento.

Eles acreditavam que o pelo de predadores vinha de animais mortos ou excreções, entretanto, novos estudos indicam o contrário. “O chapim que vi arrancava pelo de um animal vivo”, disse o ecologista Jeffrey Brawn, da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign.

“Isso era de um guaxinim vivo com garras e dentes. E o guaxinim não pareceu se importar porque nem mesmo acordou”. Brawn ainda revela que ficou intrigado enquanto realizava uma contagem de pássaros em Illinois, e decidiu buscar por respostas.

Assim, ele e outros colegas descobriram que o roubo de pelo de predadores por parte dessa espécie já havia sido documentado em uma literatura científica. Entretanto, os vídeos do Youtube foram o recurso mais valioso no qual conseguiram analisar.

Nas imagens, os chapins apareciam arrancando pelo de predadores vivos, como cães e gatos domésticos, e até mesmo de um porco-espinho, dá para acreditar? Além disso, diversos vídeos mostraram outras espécies de pássaros roubando peles, algo que nunca havia sido documentado em arquivos científicos.

Curiosamente, as buscas no Youtube renderam outras revelações incríveis: há aves que recuperam peles de animais soltos no ambiente, sugerindo que o roubo não é a principal fonte do material.

Por que se arriscar para roubar pelo de predadores?

Num primeiro instante, pensamos que esse material serve unicamente para aquecer um ninho, contudo, há outros benefícios para os pássaros. “Há uma espécie local chamada de grande mosca-de-crista, que, como o chapim, é um aninhador de cavidades, que na verdade coloca peles de cobra em seu ninho, possivelmente para deter predadores”, disse Brawn.

cabelo de predadores
Imagem: Waggle TV/ Reprodução Youtube

Apenas estudos mais aprofundados poderão desvendar ‘os porquês’ em torno dessa questão, mas uma análise geográfica preliminar conduzida pela equipe sugere que a cleptotriquia é mais comum em latitudes mais altas. “Interações inesperadas como essas nos lembram que os animais exibem todos os tipos de comportamentos interessantes. Muitas vezes esquecidos, destacam a importância de observações cuidadosas da história natural para lançar luz sobre os meandros das comunidades ecológicas”, explicou um dos pesquisadores.

É preciso ter muita audácia para construir um ninho com pelo de predadores, mas parece que o chapins e outros pássaros não se preocupam com isso!

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