Pareidolia: por que vemos rostos em objetos inanimados?

Erik Behenck
O que você vê nesta imagem? Foto: Kik Sam/Shutterstock.

O cérebro humano tem uma habilidade peculiar: consegue reconhecer rostos em objetos inanimados. Esse é um fenômeno conhecido como pareidolia e segundo um estudo recente, as ilusões cômicas surgem porque os neurônios que codificam características de faces humanas também fazem este procedimento em outras imagens.

A pareidolia facial consiste na capacidade de nosso cérebro enxergar rostos nos mais diversos itens, como a suposta face enorme no deserto de gelo da Antártida, que muitas pessoas questionaram sobre a sua existência. Assim, os neurônios conseguem extrair informações sociais importantes, como a emoção retratada por eles.

Neurônios são os responsáveis por vermos rostos em objetos distintos

Pesquisas anteriores já haviam indicado que neurônios são capazes de modificar a leitura com base em informações processadas anteriormente. Segundo o autor Colin Palmer, da Faculdade de Psicologia da UNSW, na Austrália, algo repetido pode mudar o nosso modo de enxergar.

“Se você vê repetidamente imagens de rostos que estão olhando para a sua esquerda, por exemplo, sua percepção vai realmente mudar com o tempo para que os rostos pareçam estar olhando para a direita do que realmente são”, explica.

Fato é que os humanos costumam acreditar em coisas estranhas, por motivos variados. Existem algumas condições que levam a isso, como a busca por respostas e os elevados níveis de incertezas. Então, a pareidolia seria apenas mais uma destas condições.

A pareidolia é o que nos faz enxergar rostos em objetos inanimados
Dois olhos e uma boca – não é preciso muito para o nosso cérebro construir um rosto. ( Imagem: Pixabay)

Pareidolia é algo importante na evolução humana

Para testar se essa teoria pode ser aplicada na pareidolia facial, os pesquisadores mostraram a voluntários diversas fotos de objetos inanimados que pareciam ter rostos. Todos eles direcionados para um mesmo lado.

Por mais estranho que pareça, quando os participantes do estudo viram rostos humanos verdadeiros olhando em suas direções, a tendência era que percebessem os rostos olhando na direção contrária aos rostos de pareidolia.

Após verem imagens como caixas, bolas de boliche e bolsas que pareciam ter rostos virados para a esquerda, imaginavam que os rostos humanos estavam voltados para a direita.

“Esta é uma evidência de sobreposição nos mecanismos neurais que estão ativos quando experimentamos a pareidolia facial e quando olhamos para rostos humanos”, explicou Palmer.

Conforme os autores do estudo, essa habilidade de perceber rostos nos objetos mais estranhos é uma evolução humana, programada para ajudar na leitura de expressões faciais. De fato, é algo importante para uma espécie que depende de interações sociais para sobreviver e crescer, embora algumas vezes gere confusões.

O estudo foi publicado na revista Psychological Science. Com informações IFL Science.

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