Um panda em um zoológico pode parecer muitas coisas para nossos olhos, mas não camuflado. Acontece que, aos olhos de predadores, os pandas-gigantes (Ailuropoda melanoleuca) são mestres da camuflagem, de acordo com um novo estudo.
A pesquisa publicada no periódico Scientific Reports buscou uma nova perspectiva para avaliar o motivo da coloração tão diferenciada dos pandas-gigantes, uma vez que a maioria dos mamíferos tem padrões mais discretos. Utilizando então um modelo de visão baseado em caninos e felinos, pesquisadores encontraram o segredo da camuflagem dos pandas.
Nossos olhos primatas, nesse sentido, são tricromáticos, com três tipos de cones -células visuais – para a detecção da informação da cor de objetos. Já caninos e felinos têm apenas dois tipos de cones para essa função (dicromáticos), o que torna a visão destes animais muito mais simples.
O pulo do gato – com o perdão do trocadilho – é que tanto felinos quanto caninos são predadores de pandas-gigantes em seu hábitat natural na Ásia. Não surpreendentemente, análises de imagens dicromáticas mostraram que a camuflagem dos pandas é altamente eficiente aos olhos de seus predadores.
Além do mais, a pesquisa também leva em consideração imagens de pandas em florestas e ambientes naturais. Isso é importante porque estes ursos eram até pouco tempo altamente ameaçados de extinção. Assim, a grande parte dos registros em vídeo eram destes animais em cativeiro.
Na floresta, a coloração preta e branca se confunde bem com folhas e com a neve (parte clara) e com galhos e o solo (parte escura). Ademais, alguns pandas podem ter trechos de cor marrom em seu corpo, o que ajuda ainda mais na camuflagem.
Orcas, zebras e pandas – chamativos e mestres da camuflagem
A cor, por mais que pareça apenas um adorno, tem funções das mais variadas que datam mesmo da época dos dinossauros, possivelmente. Um animal colorido pode simbolizar que é venenoso, por exemplo. Outro animal pode se aproveitar disso e fingir ser venenoso com colorações fortes. Essa dupla acontece com as cobras corais e falsas-corais, aliás.
Já um dos usos mais comuns é, de fato, a camuflagem. Crípse é o nome da característica de um animal que se camufla no meio ambiente, utilizando-se de cor, textura ou formato. Surpreendentemente, orcas, zebras e pandas, que têm padrões preto-e-branco, se encaixam bem na característica de crípse.
Isso porque, segundo a pesquisa, as linhas bastante definidas entre o branco e o preto criam uma ilusão que tira a atenção dos olhos ao formato do corpo do animal. Por esse motivo, também, leopardos, tigres e onças são predadores de emboscada tão implacáveis, mesmo tendo cores amarelas e laranjadas.
“Nós descobrimos que a coloração disruptiva, pela qual a coloração de um animal quebra seus contornos, um fenômeno bem conhecido em insetos, está operando em um mamífero. Isso nunca foi demonstrado propriamente [em pandas] antes.”, afirma o professor e autor Tim Caro ao IFLScience.
Agora a equipe busca aplicar o mesmo conceito de modelos de visão para outras espécies, como aquelas citadas acima.
A pesquisa está disponível no periódico Scientific Reports.
