Pesquisadores descobriram que pessoas que ouvem diferentes audiolivros antes de dormir mostram atividade cerebral distinta depois que adormecem, afetando o conteúdo dos seus sonhos.
Deniz Kumral e sua equipe da Universidade de Freiburg, na Alemanha, recrutaram 20 indivíduos para ouvir diferentes audiolivros antes de dormir, incluindo “O Mistério do Trem Azul”, de Agatha Christie, e “Coração de Tinta”, de Cornelia Funke. Os participantes que conseguiram se lembrar dos sonhos ajudaram os pesquisadores a identificar qual audiolivro cada um havia ouvido com base nas descrições dos sonhos.
Durante o sono, os pesquisadores usaram um capacete EEG para registrar as ondas cerebrais dos participantes. Eles descobriram que as ondas cerebrais durante a fase de movimento rápido dos olhos (REM), quando ocorrem os sonhos, eram mais semelhantes entre aqueles que ouviram o mesmo audiolivro do que aqueles que ouviram diferentes. Isso sugere que a experiência de escuta moldou a atividade cerebral.
“Experiências diurnas são raramente reproduzidas como vividas, mas quase sempre são modificadas ou aparecem em diferentes contextos”, disse Kumral. A análise mais aprofundada revelou que as ondas beta de alta frequência, entre 18 e 30 hertz, estavam mais fortemente associadas aos participantes recordando o conteúdo do audiolivro em seus sonhos.
Esses achados abrem caminho para futuras pesquisas com aplicações médicas, pois sugerem que as experiências diárias podem moldar o conteúdo dos sonhos através da reativação da memória. Segundo Kumral, indivíduos com certas condições psicológicas ou psiquiátricas podem se beneficiar de estratégias personalizadas que aprimorem o processamento da memória ou tratem distúrbios dos sonhos durante o sono, contribuindo potencialmente para um melhor bem-estar cognitivo e emocional.