História
Os arqueólogos estão encontrando múmias sem parar neste cemitério egípcio

No início de setembro de 2020, um grupo de arqueólogos encontrou 13 múmias em seus caixões no em Saqqara, um sítio arqueológico egípcio. Bastante, não? Mas não é só isso. Em outubro, já somavam-se 59 múmias. No dia 14 de novembro, então, os arqueólogos relataram que já encontraram mais de 100 múmias desde o início do mês de setembro no cemitério egípcio.
“Eles [os arqueólogos] têm trabalho dia e noite e estou muito orgulhoso com o resultado”, disse em uma coletiva de imprensa o ministro das Antiguidades do Egito, Khaled el-Enany, conforme a Smithsonian Magazine. O braço televisivo do Smithsonian Institution, o Smithsonian Channel, lançará em 2021 um documentário, em forma de série, chamado Tomb Hunters para contar a história desses egiptólogos e a incrível descoberta de um número tão grande de múmias.
O Egito depende bastante, em termos financeiros, do turismo. Com a pandemia, não há mais turismo, então eles inovam. Já abriram, por exemplo, caixões ao vivo. Desta vez, além de abrir ao vivo, os arqueólogos fizeram o exame de raio-x e na mesma hora já mostraram que tratava-se de um homem de cerca de 40 anos e que removeram seu cérebro pelo nariz para embalsamá-lo.
Importância deste cemitério egípcio
“Esta descoberta é muito importante porque prova que Saqqara foi o túmulo principal da 26ª Dinastia”, diz o egiptólogo Zahi Hawass ao Egypt Today. Saqqara localiza-se a aproximadamente 32 quilômetros do Cairo, a atual capital do Egito, e é um dos principais sítios arqueológicos egípcios. Em Saqqara localiza-se, por exemplo, construções de quase 5 mil anos de idade.
No entanto, os achados no cemitério egípcio remetem a momentos mais recentes. As novas múmias, por exemplo, remetem principalmente período tardio (664-332 AEC) e do período ptolomaico (305-30 AEC), onde uma dinastia grega, originada em Ptolomeu, um dos generais de Alexandre o grande. Fazia parte da dinastia Ptolomaica, por exemplo, a famosa Cleópatra. E sim, Cleópatra está temporalmente mais próxima de nós do que das primeiras construções de Saqqara.
A cidade tornou-se tão importante por suas funções divinas. Saqqara era um local de peregrinação, tão importante para os egípcios quando Jerusalém para judeus e cristãos e Meca para os muçulmanos. Os egípcios acreditavam que Saqqara fosse um cemitério dos deuses (talvez uma aura por já ser uma cidade milenar até então), e todos sonhavam em ser enterrados ali, junto aos próprios deuses. A necrópole sagrada ajudaria à pessoas (importantes o suficientes para tornarem-se múmias) a entrar na vida após a morte.
Artefatos encontrados
Além de humanos, em meio a diversos templos já enterrados pelos templos e uma oficina subterrânea de embalsamento, os arqueólogos encontraram milhões de múmias de animais – desde animais domésticos, como cães e gatos, até animais selvagens, como cobras, crocodilos e dois filhotes de leão. Os animais possivelmente serviram como oferendas aos deuses.
Os cientistas também encontram estátuas e diversos outros objetos em madeira, ainda enfeitados. Sim – até mesmo a pintura de diversos objetos sobreviveu até os dias de hoje. Além disso, havia 20 caixas de madeira que representavam Hórus, um deus egípcio com cabeça de falcão. Duas estátuas possuíam a inscrição de ‘Phnomus’, mas os cientistas ainda não sabem quem é essa pessoa.
Os cientistas estão felizes pela descoberta de um número tão grande de múmias no cemitério egípcio. Diversas múmias encontradas no passado localizam-se na Europa, e os europeus até mesmo destruíram algumas para utilizá-las em fins medicinais (para eles, isso fazia algum sentido, no século XVII), conforme já relatamos. Com essas múmias, os arqueólogos tentarão traçar parentescos e montar uma árvore genealógica.
“Hoje não é o fim desta descoberta, considero que é o início”, disse el-Enany na já citada coletiva de imprensa, conforme o Egypt Today.
Com informações de Live Science, Smithsonian Magazine e Egypt Today.