Visitas alienígenas aqui na Terra por discos voadores para desenhar em plantações e roubar vacas são comprovadamente falsas. Entretanto, há um debate sério na academia sobre se os alienígenas podem estar nos espionando.
Antes de tudo, existe o debate em relação à quantidade destas civilizações, pautado, originalmente pelo paradoxo de Fermi. Em resumo, o paradoxo de Fermi diz que, se o universo é tão grande e há tantas possibilidades de haver outras civilizações, por que ainda não encontramos nenhuma.
Do paradoxo de Fermi, surgem outros debates científicos e filosóficos. Há quem defenda que exista um grande filtro, ou seja, algo decisivo que impeça a civilizações de se desenvolverem por muito tempo, ou mesmo da vida se desenvolver, pois nem vida microscópica foi encontrada ainda.
Há, também, no grande filtro, um debate sobre o qual já falamos aqui. Pode ser que as civilizações se autodestruam, como é o caso do que estamos fazendo aqui na Terra com a humanidade, além de outros animais inocentes.
Por último, há uma ideia de alguma possível regra entre as civilizações inteligentes, parecida com algo que ocorre no Star Trek. A Primeira Diretriz da Frota Estelar diz que “nenhum membro da Frota Estelar pode interferir com o desenvolvimento normal e saudável da vida e da cultura de uma espécie alienígena”.
Nesse caso, os seres humanos seriam uma dessas civilizações que não devem sofrer interferências. Devemos nos lembrar, que pensamos ser tecnológicos, mas não somos nem ao menos uma civilização do tipo 1, pela Escala de Kardashev.
E é aqui que entra o ponto. Um estudo que será publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, e já disponível em preprint no ArXiv, sugere que as civilizações alienígenas podem estar nos espionando.
Espionagem cósmica?
Não só uma civilização mais desenvolvida do que a nossa poderia nos espionar, na verdade. Eles propõem probabilidades de alguém simplesmente saber da existência da Terra, da mesma forma que sabemos da existência de 4 mil exoplanetas.
Identificamos planetas principalmente por trânsito planetário. Isso ocorre quando um planeta passa em frente a sua estrela e captamos a diferença no brilho. É possível saber alguns detalhes, mas dificilmente notaríamos uma civilização assim.
Eles estimaram uma probabilidade de pelo menos 2,5% de que algum cientista alienígena, olhando para a região do sistema solar, identifique ao menos um planeta aqui por trânsito planetário com uma tecnologia semelhante à da sonda Kepler, da NASA, uma sonda caçadora de exoplanetas.
Eles listaram apenas 68 sistemas exoplanetários que teriam essa capacidade de detectar a Terra por esse método, e com nossa tecnologia. Veja bem, não são 68 civilizações; são 68 sistemas planetários. Não podemos garantir que algum deles seja habitado por seres inteligentes, nem mesmo por microorganismos.
A probabilidade de se detectar mais planetas do que isso é bem mais baixa. 0,229% para encontrar dois planetas e 0,027% para encontrar três planetas em trânsito na órbita do Sol.
Dos sistemas planetários que detectariam a Terra mais facilmente, acredita-se que nenhum seja habitável, pelo tamanho e proximidade dos planetas de suas estrelas, além de alguns deles serem gasosos.
O estudo será publicado Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e já está, em preprint, no ArXiv. Com informações de Astronomy.