Pela primeira vez, pesquisadores documentam orcas matando baleias azuis, um animal de quase 30 metros. Esse fenômeno aconteceu na Baia de Bremer, no sudoeste da Austrália. Um estudo, disponibilizado no Marine Mammal Science, relata três mortes no período de 2019 e 2021. Um dos coautores, Robert Pitman, contou mais sobre o fenômeno: “Este é o maior evento de predação do planeta: o maior predador alfa derrubando a maior das presas”.
A descoberta das orcas matando as baleias azuis
Logo em 2017, vídeos feitos por drones mostraram orcas atacando uma baleia azul, mas sem matá-las, na Califórnia. Sendo assim, segundo especialistas, era apenas questão de tempo até identificarem uma caça definitiva.
Além disso, acreditavam que a baia na Austrália era a localização mais propícia para os ataques, uma vez que abriga uma cadeia alimentar rica e diversificada. Nesse sentido, David Donnelly, diretor do Killer Whales Australia, explicou: “Qualquer coisa que passe por aquela região [baia de Bremer] pode acabar na boca de uma orca”.
Durante o ano de 2019, em março e abril, dois eventos aconteceram na região e, em ambos, as orcas atacaram filhotes de baleias azuis. No entanto, em março de 2021, as assassinas derrubaram uma baleia azul gigantesca, quase duas vezes o tamanho das orcas.
Então, como as matadoras superam as enormes baleias azuis? Para os autores do artigo, a explicação está no trabalho em equipe. Isto é, as orcas atuam unidas e em grupos para morder e afogar suas presas. Dessa forma, estima-se que num ataque há quase 50 orcas atuando durante a caçada.
Inclusive, Pitman compara a estratégia das baleias assassinas com a caça dos lobos. Ele explica: “Esses grupos de orcas vivem por um período de vida humana ou até mais, e por isso caçam juntos cooperativamente por décadas e décadas”.
Os resultados dos ataques
Por mais estranho que pareça, esses três relatos identificam, possivelmente, um passo positivo para as duas espécies. Enquanto a população de orcas no mundo é desconhecida, as baleias azuis estão na lista de ameaçadas de extinção, devido às ações humana no início de 1900. Em todo o mundo, pode haver apenas 5.000 a 15.000 baleias azuis vivas hoje, conforme dados da União Internacional para Conservação da Natureza.
De acordo Pitman, é provável que as orcas comiam as baleias azuis naquela época. Contudo, quando a disponibilidade desta presa reduziu, os orcas tiveram que buscar novas alternativas para a alimentação. Por isso, essas recentes caçadas podem indicar uma retomada de velhos hábitos das orcas e, por consequência, um aumento na população das baleias azuis.