Ondas cerebrais notáveis são detectadas em mini-cérebros cultivados em laboratório

Rafael D'avila

Os laboratórios estão exercendo papeis importantes para o futuro, desta vez, neurocientistas detectaram ondas cerebrais notáveis em mini-cérebros cultivados dentro desses ambientes. Na verdade, os profissionais mediram a atividade semelhante às ondas cerebrais reais em organoides desenvolvidos artificialmente, enquanto pesquisavam uma condição genética que causa convulsões.

Tais organoides podem apresentar utilidade nas pesquisas que cercam o desenvolvimento do cérebro, terapias potenciais e doenças. Os experimentos aconteceriam de outra maneira, porque não há hipótese de explorar um cérebro humano (e vivo) desta forma.

“O trabalho demonstra que é possível fazer organoides que se assemelham ao tecido cerebral humano real. Todavia, podem ser usados ​​para replicar com precisão certas características da função e doenças do cérebro”, diz o neurocientista Bennett Novitch , da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA).

Ondas cerebrais de organoides cultivados em laboratório
Imagem: Reprodução/ Connected Smart Cities

Para criar os microcérebros com ondas cerebrais, os cientistas induzem células retiradas de humanos e as transformam em células-tronco pluripotentes. Sobretudo, essas células conseguem se desenvolver em uma variedade de órgãos e tecidos. Além desses organoides organizarem todos os neurônios, eles precisam repetir as mesmas oscilações neurais que ocorrem no cérebro humano, associadas ao aprendizado, sono, dentre outros.

Ondas cerebrais dos organoides se assemelham com as de um cérebro real

Com a identificação de ondas cerebrais em microcérebros cultivados em laboratórios, a expectativa dos cientistas é que os organoides representem cérebros reais para experimentos. Em muitas doenças neurais as células parecem boas, mas as oscilações indicam que algo de errado está acontecendo.

“Eu não tinha previsto a gama de padrões de oscilação que veríamos”, diz Novitch. “Aprendendo como controlar quais padrões de oscilação um organoide exibe, podemos eventualmente modelar diferentes estados cerebrais”. No caso das oscilações anormais vistas em pessoas que desenvolveram condições como Rett, por exemplo, adicionar uma droga experimental (Pifithrin-alfa) removeu as convulsões.

Criança sendo consultada.
Criança diagnosticada com ‘síndrome de Rett’ sendo atendida por pediatra. (Imagem: Divulgação/ Amigo Panda)

Com essa possibilidade, os organoides provavelmente responderam ao tratamento, sendo que ao longo de todo processo, as próprias células do cérebro pareciam normais, um sintoma clássico da síndrome de Rett. Embora os minicérebros com ondas cerebrais correspondam à complexidade de um humano, eventualmente poderão substituir os animais em estudos científicos.

 “Este é um dos primeiros exemplos tangíveis de teste de drogas em ação em um organoide do cérebro”, diz o neurologista Ranmal Samarasinghe , da UCLA. “Esperamos que sirva como um trampolim para uma melhor compreensão da biologia do cérebro humano e das doenças cerebrais”, conclui ele.

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