Um sensor subterrâneo gigante para captar as oscilações da Terra

Felipe Miranda
Exterior do ROMY. (Créditos da imagem: FA. WADLE)

Um sensor subterrâneo gigante de movimento localizado na Alemanha capta e acompanha as oscilações das diferentes movimentações, como rotação e inclinação do eixo da Terra

No momento, os pesquisadores ainda estão trabalhando em maneiras de se aumentar a precisão do equipamento, e estão aprendendo sobre esse novo sensor, mas ele pode nos ajudar em melhorar ainda mais a precisão dos GPS.

O trabalho dele é minucioso, por isso, deve ser extremamente preciso. Essas oscilações que capta são causadas por abalos sísmicos, marés, ou grandes efeitos do tipo, às vezes até de origem da atividade humana, que causam pequenas variações no eixo e rotação terrestre.

Entretanto, apesar de pequenas, essas variações exigem correções em sinais de GPS, pois podem causar grandes variações nesse quesito. Graças a esse tipo de correção que você pode rastrear seu uber ou o entregador em tempo real.

Atualmente, fazemos os ajustes com os satélites e telescópios, mas os dados podem levar até dias para serem processados, e o Rotational Motions in Seismology (ROMY) pode facilitar o trabalho e realizar esse monitoramento continuamente.

A descrição do funcionamento de dos papéis do Rotational Motions in Seismology (ROMY) foram publicados pela equipe no dia 17 de julho no periódico Physical Review Letters.

O funcionamento do ROMY

O ROMY funciona como um interferômetro a laser. Sabe quando você vê aquelas notícias relacionadas a ondas gravitacionais? Pois então, aqueles detectores possuem um funcionamento parecido com o do ROMY.

Basicamente, são canos instalados dentro de um bunker super blindado – note na imagem abaixo. Essa construção é necessária para evitar o máximo possível de interferências externas. 

17 july underground lasers 1280x720 1
Interior do ROMY. (Créditos da imagem: J. IGEL)

Externamente ao bunker há, ainda algumas estruturas que possuem, novamente, o papel de blindar a construção e absorver quaisquer interferências, como ruídos de cidades, rodovias ou coisas semelhantes.

Dentro daqueles canos dentro da construção, correm alguns feixes de laser. É por meio das milimétricas variações desses lasers que podemos identificar as variações da Terra, conforme o estudo.

Essas tubulações são alocadas de maneira que formam uma pirâmide, e em cada uma das quatro faces, correm lasers fazendo o desenho do triângulo. Em cada face há dois feixes, um que corre no sentido horário e outro no sentido anti-horário.

Conforme a Terra se move, há pequenas alterações no comprimento de onda desses lasers. Por meio dela, é possível determinar a movimentação da Terra. Cada face é mais sensível há um eixo, então qualquer tipo de movimentação no planeta pode ser identificado.

Ainda são necessárias algumas mudanças

É algo novo, e os cientistas ainda estão aprendendo como utilizá-lo. Durante a primeira semana de uso, em 2019, os testes conseguiram identificar uma mudança de apenas 0,00014 graus no eixo da Terra.

Embora sua sensibilidade seja muito grande, ainda é menor do que de outras tecnologias utilizadas, como de telescópios. Entretanto, eles conhecem o potencial que o novo instrumento possui.

Colocando dessa forma, pode até parecer inútil querer algo que identifique essas mudanças com uma sensibilidade tão grande. Afinal, para quê gastar tempo e dinheiro com sensor gigante que capta oscilações da Terra?

Entretanto, essa pequena mudança de 0,00014 graus identificada já foi o suficiente para mover os pólos da terra em 15 metros. Isso significaria que, sem correções, o GPS estaria muito errado, principalmente nos locais de maiores latitudes, ou seja, mais próximos aos pólos. 

O estudo foi publicado no periódico Physical Review Letters. Com informações de Science News.

Compartilhar