O que falta para que os óculos inteligentes substituam os smartphones?

Daniela Marinho
Imagem: Canva

O conceito de óculos inteligentes, o qual é integrado com tecnologia para nos fornecer informações, não é recente, embora alguns modelos já tenham fracassado anteriormente.

Na década de 1990, os telefones celulares eram limitados a realizar chamadas e enviar mensagens de texto, enquanto os computadores pessoais (PCs) equipados com modems possibilitavam o envio de e-mails, a navegação pela Internet e a prática de jogos eletrônicos.

No entanto, foi na década seguinte que testemunhamos uma verdadeira revolução tecnológica: a combinação dessas duas funcionalidades em um único dispositivo, dando origem ao smartphone. Essa inovação transformou de maneira significativa a nossa forma de interagir com o mundo ao nosso redor.

Hoje, podemos estar à beira de uma nova transformação tecnológica com o desenvolvimento dos óculos inteligentes. Esses dispositivos têm o potencial de integrar computação pessoal, inteligência artificial e realidade aumentada em um só aparelho, oferecendo uma experiência inovadora e imersiva ao usuário.

Assim como os smartphones alteraram profundamente nosso cotidiano, os óculos inteligentes podem ser o próximo avanço que revolucionará a vida das pessoas como um todo, proporcionando novas formas de acessar informações, interagir com o ambiente e melhorar a nossa produtividade e, evidentemente, o entretenimento.

Aprendendo com os erros

O Google Glass pode ter sido um projeto caro e malsucedido para o Google, mas trouxe lições valiosas para a indústria de tecnologia. A experiência com o Google Glass forneceu orientações mais amplas sobre o que os consumidores não desejam, e essas lições estão influenciando o desenvolvimento da atual geração de óculos inteligentes.

Enquanto o Google Glass tinha uma aparência futurista, lembrando os acessórios do filme “Matrix”, os modelos de óculos inteligentes de hoje possuem um design muito mais discreto. Essa mudança ajuda os usuários a evitar o estigma de serem vistos como “espiões tecnológicos” tentando filmar outras pessoas sem consentimento, embora isso ainda possa acontecer.

O mercado de óculos inteligentes está em expansão, mas não há garantias de que esses dispositivos se tornarão populares ou substituirão os smartphones como nossos aparelhos eletrônicos pessoais. A indústria ainda está à procura de um “aplicativo matador”, ou seja, uma funcionalidade indispensável que só essa tecnologia pode oferecer.

Ironicamente, isso pode ser algo que o Google acertou parcialmente com o Google Glass. Em vez de focar em entretenimento passivo, os óculos inteligentes seriam mais úteis se enviassem notificações de texto, ajudassem a acompanhar a programação diária e exibissem informações úteis, como rotas a pé, diretamente no campo de visão do usuário.

O assistente digital no Google Glass, na versão que foi lançada, estava longe de ser ideal. Muitos revisores relataram frustração com o software, que frequentemente apresentava bugs e interpretava incorretamente os comandos dos usuários.

Hoje, graças aos avanços na inteligência artificial generativa, assistentes de IA muito mais eficazes são uma realidade. Esses avanços prometem aprimorar significativamente a funcionalidade e a utilidade dos óculos inteligentes, tornando-os potencialmente mais atraentes para os consumidores.

Assistente digital definitivo

No gancho das IAs generativas, desde o lançamento do extremamente popular ChatGPT em 2022, parece que todas as empresas de tecnologia começaram a explorar maneiras de utilizar a IA generativa para criar o assistente digital definitivo.

Muitas dessas inteligências artificiais, incluindo a da Meta, já estão sendo integradas em óculos inteligentes. Em maio de 2024, o Google DeepMind divulgou um vídeo de demonstração onde seu assistente de IA em desenvolvimento, o Projeto Astra, é usado em conjunto com um par de óculos inteligentes.

Greg Wayne, diretor de pesquisa do Google DeepMind e líder do Projeto Astra, afirmou ao Freethink que esses óculos são um “protótipo de pesquisa funcional” da equipe de realidade aumentada da empresa.

“Os agentes universais de IA têm o potencial de impactar positivamente muitos aspectos da vida cotidiana, desde capacitar pessoas com deficiência visual até traduzir idiomas com fluência e fornecer informações em tempo real sobre o mundo físico”, declarou Wayne.

Ele acrescentou: “Dependendo do caso de uso, é fácil imaginar um futuro onde as pessoas poderiam ter um assistente de IA especialista ao seu lado, seja através de um telefone, óculos ou outros dispositivos de última geração”.

Compartilhar