Uma ideia conhecida da ficção científica é a de que um asteroide poderia estar em rota de colisão com a Terra. E, claro, quais seriam as implicações disso para a humanidade. Seja abordando questões políticas, isto é, como os governos e instituições do mundo agiriam em uma situação assim. Além de como os países se uniriam (ou não) frente a uma ameaça planetária. Ou, de fato, abordando as consequências geológicas e atmosféricas de curto, médio e longo prazo em nosso planeta. Exemplos de obras são filmes como os clássicos Impacto Profundo e Armageddon. Ou mesmo o recente Não Olhe Para Cima, que foca nos perigos do negacionismo científico em situações de possível extinção da humanidade.
É a possibilidade da extinção, aliás, que motiva o interesse da ficção por asteroides. Narrativas que se passam em cenários apocalípticos (ou pós-apocalípticos) são bastante populares. E não seria diferente nesse caso. Nos três filmes citados, é urgente defletir a trajetória do asteroide ou destruí-lo para evitar uma tragédia global. No caso de Não Olhe Para Cima, por outro lado nada é levado muito a sério, nem pelas autoridades. Os cientistas, contudo, têm em mente que o futuro do planeta depende de tomar ações o mais rápido possível. Agora, isso é a ficção. Será que as chances de sermos atingidos por um asteroide são realmente relevantes? E ainda, será que, na vida real, as consequências seriam tão drásticas assim?
O que é um asteroide?
A maioria das pessoas que já teve contato com essas obras de ficção científica e a cultura popular voltada ao espaço já ouviu falar de asteroides. E, por isso mesmo, sabe o que são. É possível, contudo, que muitas dessas pessoas tenham uma noção difusa do significado da palavra. De fato, os limites entre uma classificação e outra são um debate que se estende por muitas décadas. Historicamente, asteroide é o termo que se usa para descrever corpos não-esféricos que não podem ser cometas (por não apresentarem uma cauda) e são maiores que meteoroides. Hoje, há um termo mais geral, que é “corpo menor do Sistema Solar”, como usado pela União Astronômica Internacional.
Assim, os corpos menores incluem tudo que não seja um satélite natural (como a Lua), nem um planeta rochoso (como Vênus, Mercúrio e Marte) ou planeta anão (como Plutão e Ceres). As classificações de todos esses outros corpos têm a ver com questões de suas órbitas, seus tamanhos e se estão ou não em equilíbrio hidrostático. Asteroides, dentro da classificação de corpos menores, estão mais próximos ao Sol do que, por exemplo, objetos além de Netuno. Também não podem ser cometas, não tendo cauda e sendo compostos principalmente de minerais e rochas. E continuam sendo maiores do que meteoroides, como na classificação histórica.
O fim da humanidade (ou não)
Um evento catastrófico em escala global, causado por um corpo quilométrico, é raro. Um desses ocorre, em estimativa, a cada 50 milhões de anos. As consequências, contudo, são realmente graves. As cinzas e a poeira levantadas pelo impacto se espalhariam pela atmosfera, a ponto de bloquear a luz do sol. Entraríamos assim, em um longo e escuro inverno. Ainda, todos esses fragmentos caindo no oceano aumentariam a acidez das águas.
E como sobreviver a tudo isso? Embaixo do solo. E com muitos suprimentos. Com técnicas e tecnologias modernas, poderia ser possível até mesmo recomeçar a agricultura dentro dos abrigos subterrâneos, considerando que a fotossíntese acima da crosta terrestre seria impossibilitada pelo bloqueio da luz solar. Teríamos que lidar também com chuvas ácidas, com um solo também muito mais ácido e toda a argila formada pelo material derretido do planeta e do asteroide.
Ainda assim, o cenário para a vida na Terra é de extinção massiva de espécies. O que sobrevive, em geral, é o que é pequeno. A extinção dos dinossauros (por um corpo de cerca de 10 km), por exemplo, abriu espaço para a evolução de animais como toupeiras primitivas e o desenvolvimento dos mamíferos. Há ainda a chance de uma bactéria alienígena ser introduzida em nosso planeta. Geralmente, esses seres são melhor adaptados ao seu ambiente anterior e poderiam não sobreviver por aqui. De qualquer jeito, poderia ser um problema.
A esperança para nós está na ciência. Inclusive, se conseguíssemos salvar a tecnologia necessária, poderíamos, talvez, produzir novas espécies que sobreviveriam no novo ambiente devastado. Além de acelerar o retorno da biosfera para o equilíbrio. Ainda assim, tudo isso não viria sem fracassos e riscos. Mas, claro, é melhor tentar do que observar a extinção da humanidade.