O incrível dinossauro com um cérebro de tamanho peculiar

Cristina Dyna
(Buriolestes/ Márcio L. Castro - The New York Times)

Uma espécie incrível de dinossauro foi encontrada e estudada mais a fundo. Os pesquisadores descobriram que o animal possuía um cérebro de tamanho bem diferente dos seus sucessores da linhagem.

A história do incrível dinossauro

O dinossauro em questão era uma criatura que viveu na região do Brasil há cerca de 230 milhões de anos e que foi nomeado pelos paleontólogos de Buriolestes schultzi. Se tratava de um pequeno animal carnívoro do tamanho de um basset hound, mas com dentes afiados, uma cauda grande e cabeça esguia.

Os Buriolestes são os primeiros dinossauros conhecidos a ter parentescos anteriores com grandes herbívoros que surgiram 100 milhões de anos depois, como os braquiossauros, os diplodocus e os saurópodes. Estes herbívoros, além de quadrúpedes e gigantes, tinham cérebros muito pequenos, ao contrário dos Buriolestes schultzi.

O cérebro dos Buriolestes schultzi

O pesquisador Rodrigo Müller (Universidade Federal de Santa Maria) e sua equipe encontrou o primeiro fóssil de Buriolestes no sul do Brasil em 2009. Seis anos depois encontraram um segundo exemplar nas proximidades, o qual possuía a conservação quase toda do crânio. Assim, a equipe fez uma análise mais profunda com tomografia computadorizada para analisar seu cérebro. Como resultado observaram que o cerebelo dos Buriolestes era particularmente grande para o animal jurássico.

Um artigo publicado recentemente pela Journal of Anatomy relatou que cientistas fizeram uma reconstrução em 3D do crânio desses dinossauros. Como resultado visualizaram que os Buriolestes tinham um cérebro muito grande em relação ao seu corpo e que as suas estruturas se assemelhavam com de predadores.

incrível dinossauro
(Buriolestes schultzi / Luiz Munhoz – Flickr)

Essa descoberta indica que os grandes herbívoros sucessores dos Buriolestes não continuaram com essas características ao se tornarem animais que consumiam apenas plantas e que tinham grande porte.

Por outro lado os Buriolestes tinham pequenos bulbos olfativos, ou seja, talvez o cheiro não era de grande importância para esses seres. Entretanto, nos seus ancestrais posteriores saurópodes essa estrutura aumentou de tamanho, talvez para auxiliar na busca de presas e no reconhecimento dos semelhantes.

Segundo Müller “o mais impressionante foi o grande tamanho do cérebro em relação ao resto do corpo. Em muitas linhagens, o tamanho relativo do cérebro aumenta com o tempo, mas não neste caso”. Porém, “provavelmente essa mudança está relacionada à mudança dos hábitos alimentares”, pois “animais carnívoros geralmente precisam de mais capacidades cognitivas.” (The New York Times).

As implicações da descoberta

A descoberta sobre os cérebros dos Buriolestes abre possibilidades para melhor compreender sobre a evolução dos cérebros dos maiores animais que habitaram a terra, os saurópodes. Para o paleontólogo Lawrence Witmer (Universidade de Ohio), especialista em saurópodes, não havia nenhum benefício para os saurópodes ter essas capacidades cognitivas. Porém, agora de sabe que eles as perdem ao longo da evolução, já que seus ancestrais Buriolestes as possuíam.

Conhecer detalhes sobre o crânio do incrível dinossauro Buriolestes é importante, pois pouco se sabe sobre os primeiros cérebros de dinossauros e este é um dos dinossauros mais antigos encontrados. Ele ajuda a compreender a transformação dos rápidos e pequenos caçadores bípedes em grandes herbívoros quadrúpodes.

O Brasil e a Argentina são as principais regiões onde se encontra os Buriolestes e seus descendentes. No entanto, normalmente esses fósseis estão danificados ou incompletos, dificultado os estudos.

De acordo com o pesquisador Fabien Knoll (Fundação Dinópolis em Teruel) o estudo do cérebro dos dinossauros está mais fácil graças à tecnologia digital. “No entanto, as informações sobre o cérebro dos primeiros dinossauros são prejudicadas pela falta de fósseis de qualidade. Portanto, eu diria que é importante continuar escavando nos locais no Brasil, na Argentina e em outros lugares que provavelmente fornecerão os primeiros dinossauros bem preservados ”.

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