Cientistas climáticos das Nações Unidas dizem que é “agora ou nunca” o momento para impedir um aumento catastrófico da temperatura do clima global, e interromper os sistemas climáticos dos quais o nosso estilo de vida atual depende. Relatos de tempestades cada vez mais fortes e secas abrasadoras mostram um retrato assustador das possíveis mudanças climáticas, mas o clima global está piorando de fato?
Infelizmente, sim. O clima global está piorando, de acordo com Spencer Weart, historiador e diretor aposentado do Center for History of Physics no American Institute of Physics em Maryland, Estados Unidos.
O clima é definido por sua variação média ao longo de determinado período, e a Terra tem uma história longa e dramática quando se trata de mudanças climáticas naturais. O período Triássico (entre 252 milhões a 201 milhões de anos atrás), por exemplo, pode ter chegado ao fim com uma chuva que durou um milhão de anos.
Enquanto isso, o asteroide que atingiu a Terra e matou os dinossauros, ao fim do período Cretáceo (há 145 a 66 milhões de anos), deixou partes do céu completamente escuras por anos, sob nuvens densas de cinzas. Depois disso, as temperaturas terrestres aumentaram por 100.000 anos, devido à quantidade colossal de dióxido de carbono que o asteroide jogou para cima quando colidiu na Península deYucatán.
Ainda que mudanças climáticas drásticas não sejam algo novo para o planeta, elas foram extremamente destrutivas no passado, e o nosso apetite insaciável por combustíveis fósseis está criando uma mudança climática rápida, que pode ter consequências severas para a humanidade.
Registros modernos revelam um aquecimento global que não é natural ocorrendo nas últimas décadas. Ao queimar combustíveis fósseis, os humanos estão lançando dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa na atmosfera, aumentando as temperaturas do clima global.
Dados experimentais e modelos climáticos sugerem que esse efeito aquecedor vai afetar o clima de diversas maneiras, tornando-o mais frio e mais quente, mais extremo, mais caótico e, de maneira geral, pior.
Por exemplo, à medida que o planeta fica mais quente, mais água evapora da superfície de regiões secas e aumenta a precipitação em regiões úmidas, de acordo com Weart.
Em outras palavras, as regiões secas ficam mais secas, e as regiões úmidas ficam mais úmidas. Mais umidade na atmosfera de um planeta em aquecimento também pode aumentar a queda de neve durante o inverno.
Weart também aponta os furacões recentes no Caribe e nos Estados Unidos, assim como ciclones e tufões ao redor do mundo, como exemplos de um clima global que está piorando.
O número de furacões não aumentou, mas os que são intensos ficaram ainda piores. “O que poderia ter sido um [furacão] de Categoria 3 é um de Categoria 4, e o que poderia ter sido um de Categoria 4 é de Categoria 5”, disse ele.
Os de Categoria 5 incluem os furacões mais fortes, com ventos de 251 km/h ou mais. Enquanto isso, eventos recordes no clima, como a onda de calor de 2018 no Japão que matou mais de 1.000 pessoas, podem se tornar ainda mais comuns.
Weart observa que, num estudo publicado em 2018 na revista Scientific Online Letters on the Atmosphere (SOLA), os pesquisadores fizeram simulações climáticas computacionais e descobriram que a onda de calor não teria ocorrido sem a indução humana do aquecimento global.
Um estudo de 2020 publicado na revista Nature Communications também concluiu que as ondas de calor ao redor do mundo estão aumentando.
Mas e o que estamos fazendo para combater as mudanças climáticas? Diversos países ao redor do mundo assinaram o Acordo Climático de Paris em 2015, concordando em manter o aquecimento preferencialmente abaixo de 1,5 grau Celsius, e bem abaixo de 2.
Contudo, em 2022, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, disse que o objetivo de 1.5 estava com “suporte de vida”, e que com emissões contínuas nós estaremos rumando para uma catástrofe climática.
De acordo com o último relatório do Intergovernmental Panel on Climate Change, os líderes mundiais precisam garantir que as emissões globais de dióxido de carbono comecem a diminuir a partir de 2025, e cheguem à metade em 2030 se estivermos planejando um aquecimento abaixo de 1.5 graus Celsius.