Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Bristol revelou que a formação do próximo supercontinente pode ter consequências catastróficas para a vida dos mamíferos na Terra. O estudo, publicado na Nature Geoscience, prevê que o efeito do gás de efeito estufa pode chegar a um ponto crítico, tornando o planeta inabitável para criaturas de sangue quente e produtoras de leite.
Espera-se que o próximo supercontinente, nomeado de Pangeia Última, se forme em aproximadamente 250 milhões de anos. Os pesquisadores alertam que essa formação levará à limitação e ao eventual fim da habitabilidade dos mamíferos terrestres na Terra. O estudo desafia as hipóteses anteriores e destaca a urgência de compreender o impacto da formação de supercontinentes no clima da Terra.
As consequências climáticas da formação de supercontinentes
Para obter informações sobre as mudanças climáticas associadas à formação de supercontinentes, uma equipe internacional de pesquisadores dos EUA, Reino Unido, China e Suíça estudou o último supercontinente da Terra, a Pangeia. Suas descobertas sugerem que, quando a Pangeia se formou há cerca de 310 milhões de anos, o planeta sofreu um aumento significativo nas temperaturas.
Durante esse período, os níveis de dióxido de carbono atmosférico aumentaram drasticamente, levando a temperaturas extremas que eram aproximadamente 10 °C mais altas do que a média global atual.
Os pesquisadores alertam que, se os níveis de dióxido de carbono atmosférico ultrapassarem 560 ppm no futuro, mesmo que por um curto período, isso poderá desencadear um evento de extinção em massa comparável às grandes extinções ocorridas na história do planeta.
Calor insuportável e o impacto sobre os mamíferos
Modelando o pior cenário possível, os cientistas preveem que, durante a formação da Pangeia Última, a temperatura média do mês quente poderia chegar a escaldantes 46,5 °C. Esse nível de calor se tornaria intolerável para a maioria das espécies de mamíferos. O estudo destaca que, com 280 ppm de dióxido de carbono atmosférico, a maior parte dos trópicos se torna inabitável. À medida que os níveis de dióxido de carbono aumentam para 1.120 ppm, as áreas habitáveis diminuem significativamente.
No cenário de alto teor de dióxido de carbono, prevê-se que apenas alguns refúgios de alta latitude sustentem a vida dos mamíferos na Pangeia Última. O estudo sugere que roedores noturnos que se enterram e mamíferos migratórios podem ter uma chance de sobrevivência nessas regiões. No entanto, espera-se a formação de desertos em todo o supercontinente, tornando impraticável a viagem através de regiões áridas.
Desafios evolutivos e o futuro dos mamíferos
Os pesquisadores enfatizam que é improvável que as espécies de mamíferos evoluam com rapidez suficiente para se adaptarem às condições extremas provocadas pela formação dos supercontinentes.
Estudos anteriores mostraram que os limites superiores de termotolerância dos mamíferos permaneceram relativamente constantes ao longo do tempo geológico. Isso indica que os mamíferos podem ter dificuldades para lidar com os desafios futuros apresentados pelo próximo supercontinente da Terra.