Os oceanos já foram o lar de um predador aterrorizante, o megalodon (Carcharocles megalodon). Sabemos disso através de vértebras e dentes no registro fóssil, que revelam um tubarão gigantesco para os portes atuais. Os dentes do megalodon eram tão grandes quanto as nossas mãos. Mas qual era a essência de sua constituição física? Ele era igual ao tubarão-branco?
De acordo com uma pesquisa recente, publicada na Historical Biology, sabemos muito pouco sobre a verdadeira aparência do megalodon.
Com base em fósseis, as estimativas do tamanho do megalodon diferem significativamente, variando de 11 metros até, pasmem, 40 metros de comprimento. É um quebra-cabeça fascinante, e mesmo que nunca sejamos capazes de dizer com certeza, no entanto, é intrigante e educacional tentar determinar a extensão do mistério.
Existem muitas teorias que sugerem que o megalodon era muito semelhante ao tubarão-branco (Carcharodon carcharias) que é um dos predadores mais ferozes do oceano, e também um dos maiores tubarões que existem hoje. O grande tubarão-branco faz parte da família dos lámnidos (lamnidae), que inclui apenas cinco espécies.
Os tubarões desta espécie são distinguidos pela natação rápida e sangue parcialmente quente, aquecido pelos músculos, algo que melhora o seu metabolismo. Eles são capazes de nadar mais rapidamente, suportar condições mais frias e consumir comida mais rápido.
O megalodon não fazia parte da família dos lámnidos, no entanto os cientistas acreditam que ele estava intimamente relacionado a ela, um desdobramento da família Lamnidae que divergiu no Cretáceo. Devido a essa estreita relação, os cientistas muitas vezes recorrem aos tubarões-brancos a fim de determinar qual era a aparência do megalodon. Eles pegam os traços de uma série de tubarões da mesma família e tentam se aproximar a uma morfologia parecida.
Saberemos como o megalodon se parecia?
Para determinar se há mérito nesta estratégia, Sternes e seus colegas examinaram a forma de cinco tubarões que foram usados em seu estudo anterior para reconstruir megalodons, e então eles os compararam com outros tubarões de sangue frio da ordem Lamniformes usando diagramas de campo 2D precisos. Eles olharam para a cabeça, bem como barbatanas, caudas, e corpos. Eles não descobriram padrões distintos entre tubarões lámnidos de outras espécies.
”O sangue quente não faz de você um tubarão de forma diferente”, afirmou Sternes.
”Encorajo outros a explorar ideias sobre a forma corporal do megalodon e a procurar um fóssil preservado. Enquanto isso, nossos resultados esclarece alguma confusão sobre descobertas anteriores e abre a porta para outras ideias mais uma vez.”
”O estudo pode parecer um retrocesso na ciência, mas o mistério contínuo faz da paleontologia, o estudo da vida pré-histórica, um campo científico fascinante e emocionante”, disse o paleobiólogo Kenshu Shimada, da Universidade de DePaul.
”O fato de ainda não sabermos exatamente como megalodon se parecia mantém nossa imaginação funcionando. É exatamente por isso que a ciência da paleontologia continua a ser um campo acadêmico fascinante. Continuaremos a procurar por mais pistas no registro fóssil.”