Novo dinossauro descoberto foi o terror dos primeiros tiranossauros

Mateus Marchetto
O predador Ulughbegsaurus era muito maior do que o tiranossauro. Imagem: Julius Csotonyi

O recém-descoberto fóssil do maxilar de um novo dinossauro carnívoro pode conter as respostas para uma peça importante da evolução dos tiranossauros. Análises do fóssil mostram que o animal, chamado Ulughbegsaurus uzbekistanensis, pode ter sido o terror dos primeiros tiranossauros.

Paleontólogos encontraram o fóssil do novo dinossauro na Formação Bissekty, nos desertos do Uzbequistão. O fóssil todo, por conseguinte, tem pouco mais de 30 centímetros e pertenceu à parte superior da boca do U. uzbekistanensis. O novo dino, ademais, pertence à família dos carcarodontossauros – predadores gigantes que viveram no planeta pouco antes dos tiranossauros.

Contudo, os carcarodontossauros foram sumindo do planeta ainda na primeira metade do período Cretáceo, entre 125 e 80 milhões de anos atrás. Apenas a partir daí a família dos tiranossauros pode dominar o planeta como predadores de topo de cadeia.

O que a nova pesquisa indica, por conseguinte, é que o novo dinossauro viveu junto com membros antigos da família dos tiranossauros. Esses tiranossauros, por sua vez, eram pequenos e primitivos, ainda a milhões de anos de distância de seus descendentes retratados em Jurassic Park.

Assim, a pesquisa publicada no periódico The Royal Society reforça a ideia de que os carcarodontossauros podem ter evitado o desenvolvimento dos tiranossauros. Conforme os carcarodontossauros, como o U. uzbekistanensis, portanto, foram sumindo há 80 milhões de anos, os tiranossauros puderam evoluir espécies gigantes e dominantes como os T. rex.

reconstruction of ulughbegsaurus upper jaw by dinosaur valley studios photo credit dinosaur valley studios web
Reconstrução do fóssil. Imagem: Dinosaur Valley Studios

A vida de tiranossauros de carcarodontossauros na Ásia Central

De acordo com estimativas da pesquisa, o U. uzbekistanensis viveu há 90-92 milhões de anos atrás e tinha 8 metros de comprimento, podendo chegar a uma tonelada. Essas estimativas, bem como seu hábitat completo, todavia, não são ainda bem claras, devido à falta de outros fósseis da espécie.

O fato relevante é que há 90 milhões de anos, tiranossauros já habitavam o Uzbequistão e, de acordo com os autores, esta é a evidência mais recente de que ambas famílias de dinossauros viveram simultaneamente. Até o momento, os fósseis mais recentes deste tipo vieram de uma formação dos Estados Unidos, e pertenceram um carcarodontossauro (Siats) e um tiranossauro (Moros) ambos com 98 milhões de anos de idade.

Como é possível imaginar, a Ásia central era bastante diferente há quase 100 milhões de anos. Provavelmente a região fora dominada por grandes florestas de coníferas e planícies abertas. Os principais habitantes, contudo, eram saurópodes (de pescoço comprido), hadrossauros (com bicos de pato) e as duas famílias de carnívoros citadas acima.

Acontece que, devido ao tamanho do U. uzbekistanensis em relação aos tiranossauros da região, o novo dinossauro provavelmente era o predador dominante. Enquanto isso, os tiranossauros da época – o gênero Timurlengia – mal passavam dos 4 metros de comprimento e 170kg.

Ainda não se sabe ao certo, no entanto, o que causou a extinção dos carcarodontossauros. Ainda assim, a nova pesquisa reforça a hipótese de que estes grandes caçadores, que podiam ter mais de 6000kg em algumas espécies, evitaram o desenvolvimento dos tiranossauros como predadores dominantes.

Uma vez que os carcarodontossauros saíram da jogada, portanto, os tiranossauros puderam popular a Terra, literalmente aos bilhões, até que um asteroide causou a extinção de mais de 90% da vida no planeta.

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