A atmosfera do Sol foi tocada pela Sonda Parker Solar, da NASA. Foi a primeira nave espacial a entrar na coroa, a atmosfera superior do Sol. O feito foi anunciado numa reunião da União Geofísica Americana ontem (dia 14).
“A humanidade só tem sido capaz de observar este ambiente de longe por séculos”, disse Nicola Fox, diretor da Divisão de Heliofísica da NASA. “Agora… finalmente chegamos. O sol foi tocado pela humanidade.”
Em sua oitava aproximação do Sol, a nave espacial entrou na coroa a uma distância de apenas 13 milhões de quilômetros do centro da estrela. Entretanto, o limite era instável, e a nave partiu após cerca de cinco horas, apenas para entrar e sair da coroa mais duas vezes antes de continuar para uma parte mais distante de sua órbita. Ela pode ter passado novamente em agosto, mas os dados ainda não foram totalmente analisados para se ter certeza.
Os pesquisadores não sabiam quão longe do sol estaria a superfície crítica de Alfvén ou como ela seria até que a sonda chegasse à região, mas sabiam que sua presença poderia ser detectada por mudanças no campo magnético e uma desaceleração do vento solar abaixo da superfície. As medidas tomadas pela Sonda Solar Parker confirmaram isto, revelando que a superfície crítica era uma borda enrugada e não uma bolha lisa ao redor do Sol.
Estas foram fotografadas pela Sonda Parker Solar em agosto deste ano. Imagem: NASA/Johns Hopkins APL/Naval Research Laboratory
Entender como o Sol ‘cospe’ partículas carregadas que podem causar problemas para os satélites e exploradores espaciais, bem como a possível previsão destas explosões, poderia ser auxiliado pelo estudo desta superfície. É também um primeiro passo para compreender outras estrelas fora de nosso sistema solar. Kelly Korreck, um membro da equipe da Parker Solar Probe, disse durante a coletiva de imprensa: “Estes são fenômenos estelares, não apenas fenômenos solares”.
“A Sonda Parker Solar ‘tocando o Sol’ é um momento monumental para a ciência solar e um feito verdadeiramente notável”, disse o Dr. Thomas Zurbuchen, da NASA, em um comunicado. “Este marco não apenas nos fornece insights mais profundos sobre a evolução de nosso Sol e seus impactos em nosso sistema solar, mas tudo que aprendemos sobre nossa própria estrela também nos ensina mais sobre estrelas no resto do universo.”
Espera-se que a sonda continue orbitando o Sol até 2025 e quebrando recordes, como ser considerada a nave espacial mais rápida e a mais próxima do Sol já registrada.
Os pesquisadores continuarão a trabalhar para resolver os muitos mistérios do Sol, já que agora conseguimos tocá-lo.
