Nave da NASA coletou tantas amostras de asteroide que está transbordando

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: NASA).

Uma missão que foi tão bem sucedida que está vazando? Pois é, a NASA conseguiu esse feito. A sonda ORISIS-REX, da NASA, coletou amostras de um asteroide chamado Bennu, há alguns dias. Claro, ela não perderá todo o material – mas não conseguirá trazer tudo o que coletou.

Coletar amostras de um asteroide não é uma tarefa muito fácil. Há alguns anos, a sonda Hayabusa 1, do Japão, tentou coletar amostras do asteroide 25143 Itokawa. No entanto, por um problema, ela não conseguiu coletar nada. Em 2014, o Japão tentou novamente, e lança a Hayabusa 2, que coletou amostras do asteroide 162173 Ryugu e retornará à Terra em dezembro de 2020, agora com as amostras. 

Mas a NASA conseguiu de primeira. Na verdade, um sucesso tão grande, que quase torna-se um desastre.

Vazamento de poeira extraterrestre?

Inicialmente, os cientistas se assustaram. A ideia da missão era trazer 60 gramas de material para a Terra. No entanto, quando viram cerca de 10 gramas flutuando ao redor do coletor, pensaram que o material se perdia pela microgravidade. Mas, ao que tudo indica, o material flutuando é extra – ou seja, a OSIRIS-REX coletou tanto material que não coube no coletor. 

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(NASA)

Mas a NASA adiantará os preparativos para armazenar o material, apenas para garantir que não haja mais perdas, caso a sonda não tenha coletado tanto material quanto se imagina. “É preciso lembrar que todo o sistema está em microgravidade”, disse Dante Lauretta, investigador principal da missão, em uma coletiva de imprensa, conforme o New York Times. Lá, não há tanta gravidade como na Terra, “e as partículas estão se espalhando”. 

A próxima etapa, conforme o planejamento, seria pesar a amostra. No entanto, a NASA achou melhor pular essa etapa. Thomas Zurbuchen, administrador associado para a ciência na NASA, disse que “O tempo é essencial”. Thomas explica  o vazamento: “Há tanto ali que o diafragma que deveria manter a amostra está aberto”.

Então, eles armazenarão a amostra imediatamente, para “preservar e prevenir qualquer perda de massa futura”, nas palavras de Lauretta. “Fomos quase vítimas de nosso próprio sucesso aqui”. Dessa forma, o risco de se perder uma quantidade considerável de material é reduzida. 

Por isso, a NASA cancelou duas manobras. A nave desaceleraria e voltaria a orbitar o asteroide – mas parece um risco muito grande, então a nave continua a se afastar do asteroide. A segunda manobra cancelada é a rotação da nave. A OSIRIS-REX rotacionaria para medir a quantidade de material, mas isso arriscaria uma perda ainda maior de material. 

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Um dos indícios de veios de carbonato. (Créditos da imagem: NASA/Goddard/University of Arizona).

Por que a NASA coletou amostras de um asteroide?

Bennu é fascinante. Embora seja uma pilha de entulho espacial, seu material é bastante puro. Ou seja, analisar o material de Bennu é analisar o material do interior do sistema solar de bilhões de anos atrás. A Terra e os outros planetas já mudaram muito desde então. Dessa forma, Bennu traria pistas da origem da vida na Terra, entre outras incógnitas do sistema solar. 

Durante o período orbital, OSIRIS-REX já enviou muitos dados para a Terra, captados através de imagens, leituras em diversas frequências eletromagnéticas. E mesmo antes da sonda voltar à Terra, cientistas já fazem descobertas sobre Bennu. 

Além disso, Bennu chama atenção por ser o “asteroide do apocalipse”. Em diversos momentos no futuro, Bennu pode colidir com a Terra. No entanto, as possibilidade são bastante baixas, e a probabilidade de uma não colisão é muito maior. Mas estudar o asteroide e sanar nosso fascínio por nosso próprio carrasco é bastante interessante. 

O mais importante é que a coleta funcionou. Em breve, os cientistas apresentarão novos resultados, e entenderemos muito mais da formação do sistema solar.

Com informações de The New York Times e Business Insider.

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