NASA acaba de recolher amostras do asteroide Bennu

Felipe Miranda
(NASA)

Décadas de preparação para um evento de dez segundos. No dia 20 de outubro, a NASA recolheu amostras do asteroide Bennu, e as trará para a Terra para análises laboratoriais. Bennu nos mostrará um pouco sobre o passado do sistema solar e a formação da vida, já que seu material é consideravelmente puro, e ele carrega muitas assinaturas dos primórdios do sistema solar. 

Embora não seja um feito inédito, trata-se, ainda, de uma novidade. A sonda Hayabusa 2, do Japão, já recolheu amostras do asteroide 162173 Ryugu há alguns anos, e em dezembro de 2020 deve retornar à Terra. Então, a NASA não foi a primeira a tentar o feito.

OSIRIS-REx, a espaçonave que coletará as amostras do asteroide Bennu, já o orbita há dois anos. A ideia é coletar dados para o pouso, além de muito dado científico, que já apresenta resultados em diversos estudos. Em 2021 a sonda decolará e chegará à Terra somente em 2023.

“Embora os planetas e luas tenham mudado ao longo dos milênios, muitos desses pequenos corpos de gelo, rocha e metal não mudaram”, disse Lori Glaze, chefe da Divisão de Ciência Planetária da NASA em uma coletiva de imprensa, conforme o Space.com. “Portanto, os asteróides são como cápsulas do tempo flutuando no espaço que podem fornecer um registro fóssil do nascimento de nosso sistema solar”.

Coleta de amostras

“A espaçonave OSIRIS-REx fará sua primeira tentativa TAG de coletar pelo menos 2 onças [56,7 gramas] de regolito do asteroide Bennu”, diz Roger Harris em um comunicado. “Uma vez que o Bennu está tão longe, os operadores em solo irão emitir instruções para o software, e então ele se aproximará autonomamente do Bennu e estenderá seu braço robótico, chamado de Mecanismo de Aquisição de Amostra Touch-And-Go (TAGSAM)”.

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Fotos da superfície de Bennu. (NASA/Goddard/University of Arizona).

Entre os materiais coletados, destacam-se os aminoácidos e diversas outras moléculas de carbono. O carbono é essencial para a vida – ou pelo menos da vida da forma como conhecemos. Portanto, estudá-lo é de suma importância. Vale lembrar que eles não procuram por vida, até porque é extremamente improvável sua ocorrência por ali. Na verdade, eles procuram pelos ingredientes da vida que a Terra carregava há 4,5 bilhões de anos.

Bennu é, em suma, uma pilha de entulho. O corpo que lhe deu origem se formou, provavelmente, nos primeiros 10 milhões da existência do sistema solar. Alguns bilhões de anos, no entanto, algo se chocou com esse corpo e o fragmentou. As rochas formaram Bennu, que ainda se desfragmenta por aí, liberando seus frágeis pedaços.

“Existem tantos desses pequenos corpos por aí”, diz Glaze. “Olhar para a diversidade desses diferentes tipos de objetos pode realmente ajudar a montar esse quebra-cabeça”.

Próximas missões

Nos próximos anos, a NASA lançará outras importantes missões semelhantes. Em 2021, lançará a Lucy, que visitará um asteroide no cinturão entre Marte  e Júpiter. Lucy também analisará os Trojans – aglomerados de rochas espaciais próximos a Júpiter bastante desconhecidos pelos cientistas e muito exóticos, se comparados aos outros grupos de asteroides.

Em 2022, então, é a vez de Psyche. A missão visitará um asteroide que leva seu nome. Geralmente os asteroides são constituídos principalmente por rocha e gelo. Mas Psyche é composto principalmente por metais. Acredita-se que ele fora, certa vez, o núcleo de um planeta existente nos primórdios do sistema solar, destruído durante a violenta e conturbada juventude do sistema.

“Costumávamos acreditar que os planetas se formaram na região que agora os vemos. Realmente, o que aconteceu é que é como se alguém pegasse o sistema solar e o sacudisse com força”, disse Hal Levison, investigador principal da missão Lucy. “Então, esses objetos que sobraram se moveram muito e testemunharam muito”.

Com informações de Space.com e Astronomy.

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