Que o Homo sapiens conviveu com outras espécies semelhantes já é conhecido, mas agora uma pesquisa traz resultados interessantes quanto a isso. Mulheres com gene neandertal apresentam maior fertilidade, a descoberta é mais uma evidência de que os nossos antepassados tiveram diferentes encontros sexuais com outras espécies humanas.
Estudos indicam que humanos modernos cruzaram com neandertais em diversos períodos da história. Além disso, pessoas de ascendência não africana carregam entre 1% e 2% do DNA neandertal em suas células.
Por que mulheres com gene neandertal apresentam maior fertilidade?
Será que as mulheres com gene neandertal apresentam maior fertilidade? A resposta é sim, pelo menos em relação aos resultados obtidos por esse estudo. A progesterona atua como o hormônio responsável por preparar o útero para receber o óvulo. Assim, muitas vezes é associada a fertilidade, principalmente nos primeiros meses de gestação.
A progesterona é a responsável por diminuir as contrações uterinas e evitar a expulsão do feto. Além disso, ajuda a ampliar o endométrio, que quando bem desenvolvido previne o aborto natural e serve para estimular o cérebro, fazendo com que a grávida possa enviar mais oxigênio para o feto.
A partir disso, os pesquisadores acreditam que a produção de progesterona em maior quantidade é importante no início da gestação. Assim, conseguiram perceber que as mulheres que possuem essa característica genética conseguem produzir mais receptores de progesterona em suas células, o que ajuda a melhorar a qualidade da gestação.
Aparentemente as mulheres que possuem os alelos neandertais conseguem codificar o receptor da progesterona com maior sucesso. Mas, essa não é a única característica associada ao DNA neandertal, já que esse gene tem influências na coagulação sanguínea, cor da pele, adaptação a grandes altitudes e até mesmo dependência à nicotina.
Descoberta pode ajudar a diminuir riscos na gravidez
Conforme dados da equipe, uma a cada três mulheres europeias herdou o receptor da progesterona. Dessa forma, sofrem menos com sangramentos durante a gravidez, assim como apresentam menos abortos espontâneos.
“O receptor de progesterona é um exemplo de como variantes genéticas favoráveis, que foram introduzidas em humanos modernos pela mistura com neandertais, podem ter efeitos nas pessoas hoje em dia”, diz Hugo Zeberg, um dos autores do estudo, em nota.
Foram analisadas 244 mil mulheres europeias, sendo que 29% delas possuem uma cópia do gene e 3% carregam duas cópias. Os pesquisadores indicam também que o aprofundamento nessa questão é algo importante, já que assim será possível identificar cedo as mulheres que podem sofrer com problemas na gravidez.
“A proporção de mulheres que herdaram esse gene é cerca de dez vezes maior do que na maioria das variantes genéticas neandertais. Essas descobertas sugerem que a variante neandertal do receptor tem um efeito favorável na fertilidade”, diz o pesquisador.
A pesquisa foi publicada pela revista Molecular Biology and Evolution, confira.
