Mais da metade de todas as plantas conhecidas dependem de animais para dispersar suas sementes. Quando uma ave come frutas, por exemplo, as sementes acabam excretadas em locais distantes, onde elas germinam e formam novas plantas. Contudo, uma nova pesquisa alerta que a morte de animais dispersores de sementes pode levar à dramática extinção de plantas ao redor do mundo.
A nova pesquisa, publicada no periódico Science, usou um algoritmo para comparar dados de mais de 400 estudos anteriores sobre dispersão de sementes. A análise levou em consideração, por exemplo, o tempo que a semente passa no estômago de um animal antes de acabar saindo com as fezes, além dos padrões de migração de animais pelo mundo.
Acontece que a mudança climática está fazendo com que muitas espécies ocupem locais cada vez mais distantes da Linha do Equador. Isso porque as temperaturas tendem a subir mais nessa região. Agora a nova pesquisa mostra que talvez as plantas não consigam acompanhar essa fuga dos animais dos trópicos.
Além do mais, o estudo constatou que a morte de animais dispersores de sementes afeta de forma incrivelmente alta a possível extinção de plantas.
“Alguém pode pensar que se um lugar perde 10% de seus animais dispersores de sementes, nós veríamos uma queda de 10% na dispersão,” diz o autor Evan Fricke em uma declaração. “Mas esse não é o caso.”
“Nós descobrimos regiões nas quais a dispersão de sementes medida pelo clima caiu em 95%, mesmo que [estas regiões] tenham perdido uma pequena porcentagem de espécies de mamíferos e aves.”
Ademais, geralmente animais que dispersam sementes em longas distâncias – animais grandes como antas – tendem a morrer primeiro em consequência do aquecimento global.
Fugindo do aquecimento global
A pesquisa também mostrou, por conseguinte, que não apensa a morte de animais pode levar à extinção de plantas, mas também a migração deles para regiões mais polares. Isso por um motivo básico: populações de animais podem se mover muito mais facilmente que populações de plantas.
Apesar de plantas não terem movimento próprio, a dispersão de suas sementes leva à expansão do território da espécie, e um aumento do hábitat. O que acontece é que importantes dispersores, majoritariamente aves, estão saindo dos trópicos e buscando outros ambientes, também com outros alimentos. Pelo menos aquelas que estão sobrevivendo à mudança climática.
Desse modo, é possível que as plantas não consigam acompanhar seus companheiros dispersores nessa fuga global do aquecimento do planeta. Assim, milhares de espécies vegetais podem acabar ilhadas nos trópicos, morrendo pouco a pouco pelo calor.
