Morcego viaja mais de 2.000 km e acaba morto por gato doméstico

Mateus Marchetto
Imagem: alobenda / Pixabay

Uma fêmea de morcego da espécie Pipistrellus nathusii viajou da Inglaterra até a Rússia e acabou tragicamente morta, provavelmente por um gato doméstico.

A fêmea de morcego apareceu gravemente machucada na pequena cidade de Molgino, na porção mais ocidental da Rússia. O animal foi então tratado por especialistas de uma unidade de conservação da cidade, mas morreu poucos dias após ser encontrado.

De acordo com os responsáveis, os ferimentos provavelmente aconteceram durante o ataque de um gato doméstico à fêmea de morcego viajante.

Apesar do final trágico, contudo, esta P. nathusii é uma recordista, tendo a segunda maior viagem já registrada em uma espécie de morcego. O primeiro lugar pertence a um morcego da mesma espécie que em 2019 viajou da Letônia ao Reino Unido, completando 2.223 km de viagem.

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Imagem:  2023852 / Pixabay 

De acordo com especialistas, muito pouco se sabe ainda sobre a migração em morcegos. Contudo, esses novos registros mostram que estes animais realmente têm migrações longas e complexas, que podem também sofrer interferência pelo aquecimento global e atividade humana.

“Os movimentos de Pipistrellus nathusii ao redor do Reino Unido e entre o Reino Unido e o continente permanecem amplamente misteriosos.” Assim afirma Lisa Worledge, diretora do Bat Conservation Trust, organização que começou a monitorar morcegos mais amplamente a partir de 2016.

“Essa jornada é uma descoberta científica animadora e outra peça no quebra-cabeça da migração de morcegos.”, declara Worledge.

Ameaça ao morcego viajante

De acordo com o Bat Conservation Trust, ademais, muito pouco se entende sobre os hábitos, distribuição e viagens de morcegos ao redor da Europa. Isso ocorre principalmente por conta do baixo monitoramento e pesquisa acerca destes animais.

Todavia, a equipe passou a monitorar morcegos em 2016 utilizando anilhas de metal, como aquelas utilizadas para a identificação de pássaros selvagens. Desse modo foi possível que as autoridades russas identificassem a fêmea de morcego como sendo originária do Reino Unido.

Pesquisadores acreditam, por conseguinte, que os P. nathusii estejam sendo profundamente afetados pelo aquecimento global. Viagens tão longas, inclusive, podem ser justamente uma consequência de ambientes nativos mais quentes e com menos cobertura natural.

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Imagem: Dust in the Wind / Pixabay 

Além do mais, animais domésticos frequentemente ameaçam a fauna nativa. Nesse ponto, aliás, os gatos são os campeões, frequentemente atacando pássaros e roedores. Apesar disso, os felinos não devem ser culpados pela situação, mas sim mantidos em locais onde não ameacem ou tenham contato com animais selvagens.

Vale ressaltar, também, que nesse tipo de evento, como ocorreu com a infeliz fêmea de morcego viajante, animais domésticos podem se contaminar com doenças e transmiti-las para seres humanos.

Com informações de Live Science.

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