Marfim: Um item precioso e… ilegal

Daiane Souza
(Imagem: GreenMe)

É em uma lojinha chinesa que encontramos diversas peças que representam sua cultura: dragões, imperadores e guerreiros. São as mais variadas formas de marfim, todos vindos de um lugar: as presas dos elefantes. Sua demanda exige esforços inteligentes, já que são proibidos.

Não é de surpreender porque é proibido comercializar o marfim: existem apenas 410 mil elefantes africanos no estado selvagem. Se já não bastasse, todo ano morrem mais de 20 mil nas mãos de caçadores. Os esforços para manter esse comércio são inquestionáveis. Enquanto em uma simples loja chinesa e a venda é permitida, no restante do mundo não é.

Objetos de marfim
(Imagem: Ibmtimes)

A venda do marfim já é proibida em vários países e Hong Kong não poderá fugir disso. Foi em 2018 que após muitas campanhas contra, os legisladores da capital votaram contra. Tendo agora o objetivo de acabar com a venda no ano de 2021. Mas, apesar de uma reação tardia chinesa, muitos países não fizeram nada a respeito: No japão e na Ásia continua sendo um hábito comum. Na China continental já é uma prática proibida, apesar de muitos pedidos serem feitos de lá, a demanda chinesa persiste.

Quem são as pessoas que mais procuram o marfim?

O marfim é valorizado desde os tempos antigos na arte ou na manufatura por fazer uma variedade de itens, de esculturas em marfim a dentes falsos, teclas de piano, ventiladores, dominós e tubos articulares.

Segundo a algumas pesquisas, as pessoas que mais eram contra a venda de marfim eram homens entre 50 a 60 anos de classe baixa. Mas, os que mais adquiriram o produto eram mulheres das cidades do interior que faziam parte de classes mais altas da sociedade. Elas admitem: continuaram a fazer mesmo após a proibição. Isso se deve pelo fato de marfim ser bonito, considerado um bom presente.

Marfim
Presas e objetos esculpidos em marfim. (Kin Cheung/AP)

Por ser caro, o marfim é um símbolo de status, por isso muitos chineses o chamam de ouro branco. É desta forma que os chineses conseguem exibir toda a sua riqueza. Além disso, ele pode ser repassado por anos e anos para os filhos e netos: o marfim nunca estraga, é um bom investimento de gerações. Existe muitos outros motivos por ser tanto procurado: muitos acreditam que ele espanta a má sorte. É como se pelo fatos dos elefantes serem grandes, as pessoas estariam  protegidas por eles. Além disso, esse produto é muito usado para subornar diversos agentes do governo, já que o marfim é muito mais raro que o dinheiro ou o ouro.  

Uma questão importante que deve ser levada em consideração: Por que queremos acabar com o uso do marfim mas ao mesmo tempo não investimos nada nisso? As empresas responsáveis pelas vendas investem milhões em marketing, como iremos combatê-las sem fazer o mesmo?

Um produto ilegal e contra o meio ambiente

O marfim pode ser originado de presas de elefantes, javalis, baleias e hipopótamos. Cada uma destas espécies possuem leis específicas que definem como pode ser comercializado e em qual a quantidade máxima. Por exemplo, encontramos o marfim morsa no Alasca, mas, ele não pode ser exportado para o exterior. Ele é apenas vendido naquela região por um fator religioso: honram a prática tradicional de caçar morsa.

Embora o termo marfim possa ser usado corretamente para descrever quaisquer dentes ou presas de mamíferos de interesse comercial que sejam grandes o suficiente para serem esculpidos ou cortados à mão, a maior parte do marfim industrializado no mundo todo é originado da caça ilegal de elefantes e é levado por viajantes de outros lugares. Muitas pessoas viajam para a China com o intuito de comprar esse produto.

As autoridades ambientais lutam diariamente contra caçadores ilegais que matam elefantes para suprir a demanda gerada pelo comércio ilegal do marfim.

Em junho de 2020, mais de cem de elefantes morreram misteriosamente na Botswana, agora esse número já beira os quatrocentos animais. Além da caça ilegal, estes grandes animais talvez estejam enfrentando uma nova doença altamente mortal.

Com informações de WWF e SMITHSONIAN MAGAZINE.

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