Mais de 100 países prometem desmatamento ZERO até 2030 na COP26

SoCientífica

85% dos países encobertos por florestas se comprometeram a deter o desmatamento dentro de nove anos, como parte de um esforço para reduzir as emissões de dióxido de carbono causadas por árvores sendo derrubadas para a agricultura.

A Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra, que foi emitida em 2 de novembro na cúpula climática da COP26 por mais de 100 países, incluindo o Brasil, será acompanhada por financiamentos para combater a perda de florestas.

Enquanto os especialistas aplaudiram o foco renovado nas florestas e o financiamento adicional, eles advertiram que a forma como o desmatamento será tratado será fundamental para atingir a meta de 2030.

“Não podemos alcançar as metas climáticas a menos que preservemos as árvores”, disse Frances Seymour, do World Resources Institute, um grupo de reflexão sediado em Washington, DC.

A meta para 2030 é idêntica a uma estabelecida há sete anos por um grupo menor de países sob o nome da Declaração de Nova Iorque sobre Florestas. Além disso, eles estabeleceram uma meta provisória de reduzir pela metade o desmatamento até 2020, que não foi alcançada.

Uma diferença significativa, entretanto, é que o novo plano inclui vários países que estavam ausentes na primeira vez, incluindo aqueles com as maiores taxas de desmatamento. O Brasil é o mais notável deles, com as taxas de desmatamento subindo sob a presidência de Jair Bolsonaro. “Ter todos os principais atores envolvidos é significativo; isso é um passo significativo”, disse Stephanie Roe, da Universidade da Virgínia.

É possível desmatamento zero até 2030?

“Acredito que isso é possível. É um desafio, mas exequível”, afirmou Seymour. “Na maioria dos lugares, a vontade política é a principal restrição”.

Ela afirma que há precedentes para a ação, citando o sucesso do Brasil no início dos anos 2000 em desacelerar as taxas de desmatamento. Além disso, há um crescente reconhecimento entre os governos de que as árvores são críticas não apenas para o armazenamento de carbono, mas também para mitigar os efeitos de condições climáticas extremas, tais como a erosão do solo. Além disso, ela ressalta que o monitoramento por satélite da perda florestal é benéfico.

O novo acordo fornece poucos detalhes sobre como o objetivo será alcançado ou sobre como o progresso será monitorado. Além disso, o objetivo não é legalmente executável. Seymour acrescenta que o financiamento adicional será ineficaz a menos que os subsídios agrícolas que alimentam grande parte da exploração madeireira sejam eliminados concomitantemente — no Brasil, o lobby agrícola é muito forte, então muitos podem ver isso como um grande problema para o Brasil resolver.

Precisamos saber que medidas serão tomadas para deter a perda florestal, de acordo com Constance McDermott da Universidade de Oxford. “É impossível comentar sobre estas promessas extremamente audaciosas e vistosas até que vejamos como elas serão implementadas em plena vista e em detalhes”, disse ela. É fundamental que os esforços beneficiem tanto as comunidades locais e indígenas quanto a biodiversidade, em vez de concentrar riqueza e poder nas mãos de alguns estados e corporações.

Entre 2015 e 2010, uma média de 10 milhões de hectares de floresta foram desmatados por ano em todo o mundo, com uma análise do ano passado afirmando que as taxas de desmatamento devem cair em um milhão de hectares por ano a fim de deter o desmatamento até 2030. Apesar do enorme desafio, Roe acredita que não devemos ser muito desdenhosos com a nova iniciativa, pois haveria benefícios climáticos imediatos se o mundo parasse com o desmatamento.

“Se o revertermos, veremos reduções imediatas de emissões.”

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