Um novo estudo do Instituto NOAA revela que as temperaturas dos locais mais profundos e frios do oceano, chamado de mar profundo, estão variando mais que o previsto. E há uma tendência de aquecimento.
Na superfície, os oceanos absorvem grande parte dos gases estufa produzidos pelo homem. Como a água se movimenta através das correntes oceânicas, a água mais quente absorvida está chegando no mar profundo.
Pesquisadores analisaram dados de temperatura durante 10 anos no Oceano Atlântico Sul. Os dados foram registrados através de boias fixas que medem, a cada hora, a temperatura, salinidade, corrente e outros dados físico-químicos do oceano. As boias foram ancoradas em quatro profundidades, com média de 3,682 metros.
O resultado encontrado foi uma tendência de aquecimento entre 0,02 a 0,04 graus Celsius por década. Parece pouco, mas a variação da temperatura do mar profundo é medida em milésimos de graus Celsius, ou seja, é uma grande variação.
Desafios de estudar o mar profundo
O mar profundo é pouco estudado devido a dificuldade de acesso e custo das pesquisas. Assim, a coleta de dados nesse ambiente é rara, com frequência de uma vez a cada dez anos no mesmo local. Dessa forma, a análise das mudanças que esses locais mais profundos sofrem no dia a dia é pouco entendida.
No entanto, com o desenvolvimento da tecnologia, equipamentos oceanográficos estão conseguindo chegar cada vez mais fundo em suas medidas. Sondas, chamadas de Argo, conseguem mergulhar até 2,000 metros e voltam para superfície com dados de temperatura e salinidade, por exemplo. Trazendo, assim, dados constantes para pesquisadores.
E a cada vez que é analisado, o mar profundo traz novas descobertas.
Alguns modelos de clima previram que algumas partes do mar profundo estão aquecendo mais rápido à medida que as águas superficiais circulam para o fundo. Nos oceanos Hemisfério Sul, essas mudanças são mais notáveis do que no Hemisfério Norte. Os resultados dessa previsão coincidiram com a pesquisa realizada dos cientistas do NOAA.
Variações na temperatura
Os pesquisadores do NOAA encontraram maiores variações de temperatura nas profundidades mais rasas analisadas. Profundidades de 1,360 e 3,535 metros aqueceram em até 1 grau Celsius. As profundidades abaixo de 4,500 metros tiveram mudanças mais moderadas, mas também seguiram uma tendência de aquecimento de acordo com as estações do ano.
Para a década analisada, a média de temperatura de todas as quatro profundidades analisadas aumentou entre 0,02 a 0,04 graus Celsius. Esse aquecimento foi mais significativo nos locais mais profundos.
Outros locais profundos dos oceanos também estão sendo estudados. Chris Meinen, oceanógrafo e pesquisador no NOAA, alerta para a importância de analisar o mesmo tipo de dado em outros locais.
Entender melhor a variação da temperatura do mar profundo é importante para avaliar os impactos das mudanças climáticas não apenas nos oceanos, mas também na atmosfera.
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As circulações dos oceanos e da atmosfera estão fortemente relacionadas. Se houver colaboração global na pesquisa desses dados, haverá uma melhor previsão do clima, por exemplo.
Mais pesquisas são necessárias para melhor entender o que está acontecendo nos locais mais profundos e frios dos oceanos. Mas, por ora, os cientistas acreditam que há um aumento contínuo na temperatura do mar profundo devido às mudanças climáticas.
Com informações de Science Daily e Science Alert. O estudo foi publicado na Geophysical Research Letters.