De acordo com um novo estudo publicado no Scientific Reports, todos os dias, mais de 1.000 navios de navegação invadem áreas de alimentação de baleias azuis no norte da Patagônia.
O estudo contou com dados rastreamento de satélite que revelaram as rotas de fuga utilizadas pelas baleias azuis tentando esquivar de barcos na região.
As baleias azuis (Balaenoptera musculus) são os maiores mamíferos do mundo. Por mais raras que elas sejam, muitas vezes emergem inesperadamente das profundezas para se alimentar de krill próximo à superfície. É neste momento que elas se veem ameaçadas pelos barcos, que podem feri-las gravemente e até levá-las à morte.
Acontece que o tráfego marítimo está crescendo cada vez mais, tornando o oceano cada vez mais inóspito para esse grande mamífero. Para as baleias azuis, que dão a luz a poucos filhotes em largos períodos de tempo, e cujo os filhotes levam até dez anos para atingirem a idade adulta, este aumento é alarmante.
Neste estudo, pesquisadores do Chile, Argentina e Estados Unidos se concentraram em baleias previamente marcadas no Golfo do Corcovado e no Mar Interior do Chileo, perto de Puerto Montt, no norte da Patagônia, na costa oeste do Chile, onde algumas baleias azuis passam tempo nos meses mais quentes.
Esta região em particular abriga uma das maiores indústrias de aquicultura de salmão do mundo, com frotas de criadores de salmão operando na área ao lado de outras pescarias industriais e artesanais e rotas de transporte marítimo.
Para descobrir onde os navios e as baleias costumam se cruzar, os pesquisadores rastrearam as baleias azuis enquanto elas se moviam pelos golfos e mapearam os padrões de tráfego de navios usando dados do serviço nacional de pesca e aquicultura do Chile.
Os dados coletados foram alarmantes e mostraram imagens angustiantes:
Imagine a imensa quantidade de baleias que precisa ziguezaguear pelo mar para evitar encontros, que podem ser fatais, com navios e grandes barcos de pesca. Ao todo, a equipe marcou e rastreou 15 baleias azuis, por entre oito dias e três meses, que tiveram que enfrentar centenas, às vezes milhares, de navios por dia. O vídeo acima mostra somente a quantidade de navios que uma única baleia teve se esquivar durante o período analisado.
Os ferimentos físicos causados pelos encontros com navios não são os únicos fatores que colocam as baleias em perigo. A poluição sonora em áreas de navegação de alto tráfego também pode ser potencialmente prejudicial à vida marinha que usa o som para se comunicar.
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