Cientistas acabam de observar evidências de uma estrela que nasceu de uma hipernova na Via Láctea. Essa explosão, em particular, foi provavelmente 10 vezes mais intensa do que a de uma supernova comum.
Para entender essa descoberta, portanto, é preciso ressaltar a dinâmica dos elementos no universo. A maioria das estrelas do cosmos, incluindo o nosso Sol, tem sua composição majoritária de hidrogênio e hélio. Pesquisadores acreditavam, até recentemente, que elementos mais pesados, como urânio e zinco, surgiriam pela fusão de duas estrelas de nêutrons.
Contudo, pesquisadores acabam de observar uma estrela a 7500 anos-luz da Terra que teve uma origem diferente. Sua composição contém pouco hidrogênio e ferro e mais elementos pesados como o urânio citado acima.
Portanto, para que a existência dessa estrela fosse possível hoje, uma explosão bastante antiga deve ter acontecido para gerar todos estes elementos e ainda deixar para trás uma estrela. É aí que entra o papel da hipernova, o tipo de explosão mais potente do universo depois do próprio Big Bang.
Essa hipernova em particular ocorreu 800 milhões de anos após o Big Bang, ou seja, 13 bilhões de anos atrás. De acordo com a simulação do estudo, a super-estrela que gerou essa hipernova tinha um campo magnético fortíssimo e girava a velocidades incríveis, mesmo para a escala do cosmos.
Peculiaridades dessa hipernova
A recém-descoberta estrela, carinhosamente batizada de SMSS J200322.54-114203.3, possui três mil vezes menos ferro do que o Sol do nosso sistema solar, indicando uma idade já avançada da estrela.
Apesar disso, a SMSS J200322.54-114203.3 possui altas concentrações de elementos pesados que só se formam no universo em supernovas e, como dito, fusões de estrelas de nêutrons. Todavia, certas características, como a alta concentração de zinco, indicam que o que ocorreu nesse canto distante do universo foi uma supernova extremamente intensa, uma hipernova.
Além do mais, a quantidade de nitrogênio na estrela não bate com a sua velocidade de rotação. Isso porque esse material se forma em corpos com rotações muito mais altas do que a da estrela observada. Assim, todo esse nitrogênio deve ter tido origem em um corpo antecessor, com uma rotação muito maior do que a velha SMSS.
Essas e outras observações, aliadas a análises matemáticas exaustivas, levaram à conclusão da existência de uma hipernova altamente magnetizada e rotativa. Provavelmente ela surgiu de uma estrela 25 vezes mais massiva que o Sol e deve ter deixado um buraco negro para trás, além da estrela SMSS. O paradeiro desse buraco negro, todavia, é matéria para outra pesquisa.
O artigo está disponível no periódico Nature.