Grande Barreira de Corais é atingida por novo branqueamento massivo, o quarto desde 2016. As autoridades fizeram o anúncio na sexta-feira, e o fenômeno é causado principalmente pelas mudanças climáticas.
Presente na costa nordeste da Austrália, a barreira é o maior sistema de recifes de corais do mundo, estendendo-se por mais de 2.300 km. Os efeitos de branqueamento se originam do calor, que está causando efeitos nocivos ao sistema.
Pesquisas aéreas detectaram o branqueamento em diversos recifes pela área, o que confirmou o fenômeno, que ocorre em escala preocupante. Lar para 1.500 espécies de peixes e 4.000 tipos de moluscos, o recife sofre com o calor apesar do efeito resfriador do fenômeno La Nina, que atualmente está influenciando o clima da Austrália, segundo a autoridade da barreira.
O branqueamento massivo foi reportado apenas quatro dias depois que as Nações Unidas começaram uma missão para monitorar se o local está sendo protegido das mudanças climáticas.
“Se os padrões vão continuar ou não nas próximas semanas continua sendo algo crítico para determinar a extensão geral e severidade do branqueamento dos corais através do Parque Marinho”, disseram.
Grande Barreira de Corais se tornando branca como um fantasma
A missão da UNESCO se responsabiliza por apontar se o governo australiano está fazendo o suficiente para solucionar as ameaças em torno da Grande Barreira de Corais – inclusive mudanças climáticas – antes que o Comitê do Patrimônio Mundial possa considerar a situação em estado de risco no mês de junho.
“As cores amáveis e vibrantes da Grande Barreira de Corais estão sendo substituídas por um coral branco feito um fantasma”, disse um ativista de impactos climáticos do Greenpeace Australia, Martin Zavan.
Ele pressionou o governo a demonstrar à equipe da UNESCO as áreas atingidas pelos efeitos, ao invés de apenas passear pelas áreas que permanecem da mesma forma.
“Se o governo for genuíno sobre deixar que a missão da UNESCO tenha uma noção compreensiva do estado do recife, então ele deve levar a missão até a região norte e central do recife”, disse Zavan.
“Aqui, os corais estão sendo cozinhados pelas temperaturas, quatro graus acima da média, o que é particularmente alarmante durante um ano do La Nina, quando as temperaturas oceânicas esfriam”.
Quando as Nações Unidas ameaçaram reduzir o status da Grande Barreira em 2015, a Austrália criou o plano “Reef 2050” e gastou bilhões de dólares em proteções.
Amanda McKenzie, chefe executiva do corpo voltado para ações climáticas da Austrália, o Conselho Climático, disse que as temperaturas oceânicas mundiais atingiriam recordes, ano passado.
“Infelizmente, à medida que o branqueamento severo é relatado através da nossa amada Grande Barreira de Corais, podemos ver que esses eventos devastadores estão se tornando mais comuns diante a taxa alta e contínua das emissões de gases do efeito estufa”, ela disse.
“Para dar uma chance ao nosso recife, precisamos lidar com o problema número um: as mudanças climáticas. Nenhuma quantidade de financiamento vai interromper esses eventos de branqueamento, a não ser que diminuamos nossas emissões nesta década”.